Voe alto, e toque o Grande Espírito. Partilhe comigo sua energia, Toque-me, honre-me, para que eu possa conhecer-te também.
A energia da Águia representa a força do Grande Espírito, a conexão direta com o Divino. É a capacidade de viver na esfera espiritual e, ainda assim, ter os pés no chão, continuar ligado, equilibradamente, à vida nesta Terra. Pairando nas alturas, em meio às nuvens, a Águia está perto do firmamento, onde reside o Grande Espírito.
Voando sempre nas alturas, a Águia percebe rapidamente, todo e qualquer movimento de evolução na trajetória geral da vida.
As penas de Águia são consideradas os mais sagrados instrumentos de cura, tendo sido empregadas há séculos pelos xamãs para limpar a aura dos pacientes que os procuram em busca de remédios para seus males.
Dentro do sistema de crenças das tribos indígenas norte-americanas, a Águia simboliza o estado de graça obtido por intermédio do trabalho árduo, a compreensão da mecânica da existência e a coroação dos testes iniciáticos destinados a liberar os poderes individuais latentes no âmago de cada ser.
Somente depois de ter experimentado os altos e baixos da existência, sem esmorecer na fé de sua conexão pessoal com o Grande Espírito, é que o indivíduo pode obter o direito de aprender e utilizar a magia de cura da Águia.
Se você tirou a carta da Águia, isto significa que você deve acreditar mais em seu coração e reunir todas as suas forças, porque o universo está lhe concedendo uma oportunidade de voar muito acima da dimensão mundana de sua consciência. A capacidade de reconhecer tal oportunidade pode apresentar-se sob a forma de um teste espiritual.
Valendo-se de sua intuição, você poderá perceber que aspectos de sua alma, de sua personalidade, de seu nível emocional ou psicológico necessitam serem reforçados, aperfeiçoados ou corrigidos. Com sua visão global, a Águia ensina que é preciso expandir sua personalidade para ser capaz de abarcar aquilo que se encontra além do nível que você consegue perceber atualmente.
Aprendendo a atacar valentemente seu medo do desconhecido, você ascenderá a uma região na qual as asas de sua alma serão sustentadas pela suave brisa eterna, que nada mais é do que a respiração do Grande Espírito.
Alimente o seu corpo, mas alimente ainda mais a sua alma. No reino da Mãe Terra e do Pai Céu, a dança que nos leva a voar tem como pré-requisito a superação do medo e a disposição para embarcar na aventura que você está criando, neste momento, em sociedade com o Divino Parceiro.
Se a Águia voou majestosamente para o meio de suas cartas, foi para adverti-lo de que precisa restabelecer suas ligações com o elemento Ar.
O Ar simboliza o plano mental e, neste caso específico, sua mente superior.
É preciso lembrar que a sabedoria nos chega de forma frequentemente curiosa, mas está sempre relacionada com a força do Grande Espírito.
Se você tem andado nas trevas da ilusão, a Águia pode iluminá-lo, pois ela o ensina a olhar para um plano mais alto, a tocar o Avô Sol com seu coração, e a amar tanto a luz quanto as trevas.
Quando for capaz de perceber a beleza e a utilidade tanto da luz quanto das sombras, você será capaz de alçar voo para uma dimensão superior, assim como a Águia.
A magia da Águia é o presente que concedemos a nós mesmos para mantermos sempre em mente a lembrança da liberdade existente no céu.
A Águia deseja que você permita a si mesmo gozar a liberdade segundo os desígnios de seu coração, para encontrar a felicidade que ele ambiciona.
2. ALCE – ENERGIA
Seus chifres almejam tocar o Sol. Mostre-me que força e energia são, na verdade, uma coisa só.
O Alce perambulava pela floresta em busca de uma companheira. A estação de acasalamento estava no auge e os Alces que costumavam viajar com outros machos haviam se dispersado para encontrar as parceiras que os acompanhariam nesta temporada.
Porém, enquanto o Alce lançava seu chamado floresta afora, ele involuntariamente alertou o Puma da possibilidade de realizar um inesperado banquete.
O Puma cercou o Alce, descrevendo círculos cada vez menores em torno de sua presa à medida que o tempo passava. O Alce percebeu o perigo iminente no momento em que a floresta silenciou de súbito, em muda expectativa, e correu então para as terras altas para tentar escapar de seu agressor.
Mas o Puma já o havia precedido e atirou-se sobre ele.
Não conseguiu capturá-la porque o Alce disparou à sua frente com incrível vigor, deixando-o exaurido de tanto saltar sobre troncos e pedras na inútil tentativa de capturá-lo.
O Alce continuou então a subir para as terras altas num ritmo constante e muito acelerado, pois ele sabia que sua única defesa consistia justamente nesta capacidade de ir mais longe e mais rápido do que qualquer um de seus inimigos, utilizando ao máximo suas reservas de energia e sua determinação.
A carta do Alce ensina que sua energia aumentará se você for capaz de manter a disciplina e o ritmo em sua vida. Pode ser que as pessoas do totem do Alce não sejam as primeiras a atingir um determinado objetivo, mas elas certamente o alcançarão incólumes, em plena forma e ainda com reservas de energia para seguir em frente.
Tudo é uma questão de encontrar o ritmo adequado para si mesmo. Caso você tenha exigido excessivamente de suas forças nos últimos tempos, é melhor você rever seus planos e traçar uma nova estratégia de ação, para que seja capaz de terminar seu empreendimento sem dar entrada no hospital ou cair enfermo.
O Alce possui uma curiosa espécie de energia guerreira, porque, exceto durante a estação de acasalamento, ele sabe honrar a amizade dos companheiros do mesmo sexo. Os Alces sempre podem apelar para a energia da fraternidade, para a energia de cura dos irmãos do mesmo sexo.
Quando você descobrir a energia que decorre do amor pela própria espécie, conseguirá sentir um novo tipo de camaradagem nascendo em seu coração. Esta energia amorosa faz com que a amizade entre as pessoas do mesmo sexo não seja conspurcada por sentimentos de ciúme, inveja ou de competitividade.
Se você tirou a carta do Alce, isto significa que você necessita procurar a companhia de pessoas do mesmo sexo para recuperar a energia fraterna típica de sua própria espécie.
Isto pode ser conseguido, por exemplo, pela participação numa terapia de grupo ou simplesmente pela prática de um esporte realizado em equipe, tal como futebol ou basquete.
A interação com pessoas do mesmo sexo permite que você expresse seus sentimentos com segurança, ao mesmo tempo que você pode observar as reações dos outros às mesmas experiências.
Isto o ajudará a desenvolver um novo sentimento de integração, baseado na comunicação e na comunhão de ideais.
O Alce pode estar advertindo-o também de que é necessário avaliar a forma como você está lidando com o estresse em sua vida. Talvez seja tempo de rever suas metas ou de mudar a estratégia ou o ritmo de trabalho para cobrir a distância que o levará até seus objetivos sem graves traumas físicos nem psicológicos.
Pode ser que você esteja necessitando apenas de umas vitaminas ou de uma alimentação mais balanceada, ou precisando de um período de repouso e meditação para reestruturar o seu universo interior.
3. ALCE AMERICANO – AUTOESTIMA
Ajude-me a honrar os dons que tenho a oferecer E a reconhecer meus méritos enquanto eu viver.
Assim como o Búfalo, o Alce Americano é encontrado ao Norte da Roda de Cura, no lugar da Sabedoria. A energia de cura do Alce Americano é a autoestima, porque representa o poder de reconhecer que esta energia tem sido usada em diversas situações, fazendo-o merecedor de aplauso e reconhecimento.
O Alce Americano é o maior animal da família dos cervos. O som do chamado do Alce Americano macho é uma coisa impressionante de se ouvir numa almiscarada noite de primavera.
O orgulho de sua masculinidade e sua ânsia em compartilhar sua semente com uma fêmea de sua espécie são signos evidentes de sua forte autoestima. A parte inferior do corpo de um Alce Americano pode ser encarada como uma força positiva, pois representa sua vontade de gritar ao mundo todos os seus sentimentos.
Essa vontade de comunicar a todos sua felicidade é decorrente de um sentimento de auto realização. Não há satisfação maior do que aquela proporcionada por um trabalho bem-feito.
Esta ânsia em comunicar ao mundo suas realizações, presente na personalidade do Alce Americano, não é sinal da busca de reconhecimento e de aplauso, e sim a espontânea explosão de alegria que emerge das profundezas de cada um de nós.
A sabedoria implícita no comportamento do Alce Americano é a Consciência de que a criação constantemente traz à tona novas ideias e novas realizações. O que o Alce Americano está tentando nos dizer é que a alegria deve ser orgulhosamente proclamada aos quatro ventos.
Nisto reside a sabedoria de que a alegria é contagiante, beneficiando a todas os que entram em contato com ela. Num certo sentido, aquele que festeja fuidosamente suas próprias vitórias está nos convidando a fazer o mesmo também, a saber comemorar os nossos sucessos e os sucessos dos outros.
As pessoas do totem do Alce Americano possuem a capacidade de reconhecer quando é preciso usar a gentileza característica dos cervos ou quando é preciso recorrer à potência do Búfalo. Elas sabem encontrar o equilíbrio entre a necessidade de dar ordens para que as coisas sejam feitas e a disposição de fazer as coisas sozinhas, sem a ajuda de ninguém.
A sabedoria do Alce Americano é semelhante à do Avô Guerreiro que já abandonou sua pintura de guerra há muito tempo e agora se empenha em prevenir os jovens impetuosos da importância de manter a cabeça fria.
A cura do Alce Americano é frequentemente encontrada. entre os anciões que já trilharam a Boa Estrada Vermelha e já viram muitas coisas nesta sua Caminhada pela Terra. A alegria das pessoas do totem do Alce Americano reside em ensinar e encorajar as crianças, orientando-as em direção ao bom caminho.
Elas sabem usar a sabedoria adquirida tanto para censurar quanto para elogiar, e sabem encontrar sempre o melhor momento para dizer a palavra certa para a pessoa necessitada de incentivo ou orientação. As pessoas da energia do Alce Americano sempre sabem o que dizer, quando dizer e a quem dizer esta palavra certa.
Nas sociedades dos índios norte-americanos, os anciões são louvados pelo dom da sabedoria pela capacidade que têm de ensinar, pela calma e pelo comedimento que demonstram nas reuniões do Conselho Tribal. Se você foi abençoado com a energia do Alce Americano e já adquiriu a sabedoria; apesar de não ser ainda um ancião, use este dom para encorajar os outros a aprender e a crescer.
Se você tirou a carta do Alce Americano, isto significa que você tem motivos para orgulhar-se de algo que realizou. Pode ser um vício que você abandonou, a concretização de algum trabalho ou tarefa, uma intuição capaz de permitir a realização de uma meta, ou a árdua superação de uma falha de caráter.
É chegada a hora de orgulhar-se de sua vitória e de compartilhar o sucesso com aqueles que o auxiliaram nessa conquista.
4. ANTÍLOPE – AÇÃO
Corra Antílope… Ensine-me o ritmo adequado Para cada ação. Rápido! Rápido! Para que eu possa correr com graça.
Quando os tempos estavam apenas começando e a Tribo dos Homens ainda era muito pequena, o Antílope percebeu que os Duas-Pernas estavam nus, famintos e correndo perigo de extinção.
Nossos ancestrais iriam certamente desaparecer da Mãe Terra se algo não tosse feito de imediato para impedir isto.
O Antílope reuniu então todos os Duas-Pernas em Conselho e disse-lhes:
– Grande Mistério enviou-me para ensinar-vos uma lição, a lição do fazer. Vós deveis aprender que não há razão para ter medo se souberdes o que deve ser feito e começardes imediatamente a fazê-lo. – E que devemos fazer? – indagaram eles. – Se vos estais nus e com frio, deveis matar-me e tirar minha pele para vos aquecer. Este é meu presente para vos. Aceitai-o – disse o Antílope. – Nos faremos isto – responderam os Duas-Pernas -, mas que fazer para combater nossa fome? Estamos famintos, o que podemos fazer para nos salvar? – Se vos estais famintos, deveis matar-me e utilizar minha carne para saciar vossa fome; ela vos alimentará e vos tomará fortes. Este é meu presente para vós. E parte de meu serviço, parte de meu processo evolutivo. Aceitai-o – esclareceu o Antílope.
O Antílope sabia que a raça humana sobreviveria à Era Glacial caso aprendesse a comer carne. Antes do deslocamento das grandes montanhas de gelo, abundavam as frutas e os vegetais, de forma que os Duas-Pernas não tinham necessidade de comer os corpos das outras criaturas. Os membros dos clãs do Segundo Mundo comeram o Antílope, adquirindo o instinto e a sabedoria dos animais de quatro patas e aprendendo a sobreviver, a não tomar mais do que o necessário e a não cometer desperdícios.
Os humanos assimilaram muito bem a lição do Antílope e foi graças a ela que puderam sobreviver até os dias de hoje. O Antílope ensinou aos humanos a louvar os presentes que lhes foram enviados pelo Grande Mistério e a evitar a destfuição indiscriminada de toda e qualquer forma de vida.
O Antílope é um símbolo da antena constituída por seus cabelos, que o interligam com o Grande Mistério por intermédio de longos fios de luz.
Observando o Antílope, você toma consciência de sua própria mortalidade e da brevidade do tempo que lhe foi concedido neste planeta. Tendo isto em mente, você precisa agir de modo consequente, realizando apenas boas ações capazes de agradar ao Grande Mistério.
Os poderes do Antílope foram procurados e empregados pelos xamãs desde a aurora dos tempos.
Foram muitos os clãs do Antílope, e o poder das pessoas do totem do Antílope sempre foi muito grande.
O Antílope infunde força na mente e nos corações dos membros de seu totem, concedendo-lhes a capacidade de realizar ações rápidas e decididas para fazer com que as coisas sejam concretizadas no mundo físico.
Se você está se sentindo pressionado e encurralado, invoque a energia do Antílope e ela o orientará a respeito da melhor ação a ser tomada para liberá-lo de seus opressores. Muitas soluções engenhosas para seus problemas lhe serão cochichadas pelo Antílope, mas lembre-se de que mais importante do que saber o que fazer é simplesmente fazê-lo.
Deixe-se envolver pela iluminação e pelos conhecimentos secretos do Antílope, combine-os com a ação adequada e você será capaz de superar qualquer obstáculo ou impedimento em seu caminho. Se o Antílope for a sua Arvore Centralizadora e seu totem pessoal, agradeça sempre ao Grande Espírito.
5. BORBOLETA – TRANSFORMAÇÃO
Borboleta… esvoaçando Na luz da manhã, Você já teve tantas formas Antes de conseguir Alçar o seu voo!
O poder que a Borboleta nos traz é oriundo do ar. É a mente e a capacidade de conhecer a mente e de mudá-la. É a arte da transformação.
Para poder usar o poder de cura da Borboleta você precisa começar a observar cuidadosamente sua própria posição no ciclo de autotransformação. Assim como a Borboleta, você está sempre passando por alguma etapa em suas atividades da vida. Você pode, por exemplo, estar no estágio do ovo, que simboliza o começo de todas as coisas. É o estágio no qual as ideias nascem, mas ainda estão longe de se materializar.
Já o estágio da larva é o ponto no qual você decide inserir esta ideia no mundo físico que o cerca. O estágio do casulo significa o movimento de “ir para dentro”, desenvolvendo algum projeto, alguma ideia ou, ainda, determinado aspecto de sua personalidade. O estágio final da transformação é o abandono da crisálida, é a etapa do nascimento.
Este último passo – o da Borboleta esvoaçando – significa que agora você já está em condições de compartilhar as cores e a alegria de sua criação com as outras pessoas.
Se você olhar atentamente para a lição que a Borboleta está tentando lhe ensinar, verá que a vida está sempre em processo de transformação. É um ciclo sem fim de autotransformação.
A maneira de descobrir em que estágio deste ciclo de transformação você se encontra consiste em perguntar a si mesmo:
1. Estágio do Ovo – esta é apenas uma ideia ou será um anseio verdadeiro? 2. Estágio da Larva – tenho que tomar uma decisão? 3. Estágio do Casulo – estou me esforçando para viabilizar a concretização de minha ideia? 4. Estágio do Nascimento – estou compartilhando com os outros a ideia que foi materializada?
Ao fazer essas perguntas a si mesmo, você descobrirá como a Borboleta se relaciona com você neste momento.
Quando descobrir em que ciclo está, este símbolo poderá ajudá-lo a perceber o que é preciso fazer em seguida para continuar crescendo em seu movimento de autotransformação.
Ao descobrir em que posição está no ciclo da vida, você adquirirá a criatividade da Borboleta, e conseguirá alçar voo.
Usando o ar – os poderes mentais – desta energia, tudo irá de bom a melhor. Por exemplo: se você está se sentindo exausto e não sabe como acabar com sua fadiga, observem quais são as cores que o têm atraído ultimamente. Seu corpo sente-se melhor quando vestido de cor verde? Isto talvez signifique que você precisa comer mais vegetais. Este tipo de associação é inspirada pela energia de cura da Borboleta.
A Borboleta pode clarear seu processo mental, ajudando-o a organizar o projeto no qual você está envolvido atualmente, ao mesmo tempo que o auxilia a encontrar o próximo passo em sua carreira ou em sua vida pessoal. A mensagem principal que pode ser depreendida da escolha desta carta é que você está preparado para passar por algum tipo de transformação profunda.
Para descobrir qual deve ser seu próximo passo, inspire-se na sequência da Borboleta e em suas Quatro Direções.
6. BÚFALO – OPAÇÃO E ABUNDÂNCIA
Você nos permite reconquistar Os dons da vida. Ouça nossas preces, Que se elevam da fumaça Assim como a Fênix. Nós podemos renascer Através das Palavras Sagradas.
Segundo a tradição dos índios lakota, foi um filhote fêmea do Búfalo Branco que trouxe o cachimbo sagrado para seu povo e o ensinou a rezar.
O fornilho do cachimbo era o receptáculo para o tabaco – uma erva que contém tanto a energia feminina quanto a masculina.
A haste do cachimbo representava o macho penetrando na fêmea para nela depositar a semente da vida.
Era nesta fusão entre os princípios masculino e feminino que se realizava a conexão com a energia divina do Grande Espírito.
Enquanto o fornilho do cachimbo recebia o tabaco, todas as famílias da natureza eram invocadas para que penetrassem no cachimbo e partilhassem seus poderes à medida que as preces e os cânticos de louvor se alçassem aos céus. A fumaça era considerada uma prece visual, muito sagrada e purificadora.
Todos os animais são sagrados, mas em muitas tradições o Búfalo Branco é o mais sagrado, pois sua aparência é sinal de que as preces foram respondidas, de que o cachimbo sagrado foi louvado e todas as promessas e profecias foram cumpridas.
O Búfalo era a maior fonte de subsistência para os índios das planícies norte-americanas. Ele fornecia carne para a alimentação, pele para roupas e agasalhos para os longos invernos, ossos para a confecção de diversos instrumentos, além dos cascos, a partir dos quais se produzia uma substância adesiva usada como cola.
À cura do Búfalo é realizada por prece, louvor e gratidão pelos inúmeros dons que nos foram concedidos. À energia do Búfalo também nos ensina que a abundância sempre estará presente desde que todas as relações sejam honradas como sagradas e desde que saibamos expressar nossa verdadeira gratidão pela existência de cada ser vivo da criação.
O Búfalo era uma presa fácil para os caçadores, pois nem sempre fugia de seus perseguidores. Ele estava sempre predisposto a compartilhar todas as dádivas contidas em seu corpo aqui na Terra, antes de partir para os Campos Sagrados do Espírito.
Usar a magia do Búfalo significa fumar o cachimbo sagrado com fé, para agradecer por todas as riquezas que nos foram concedidas pela vida e partilhá-las com nossos irmãos de todas as raças e de todas as nações, assim como com todas as demais criaturas e as diferentes formas de vida existentes na Terra.
Significa também fumar o cachimbo sagrado para ajudar aos outros, pedindo para que seus desejos sejam atendidos, rezar para que a harmonia reine em toda a parte e saber aceitar o Grande Mistério como parte integrante desta harmonia.
Se você tirou a carta do Búfalo, isto pode ser sinal de que você precisa rezar mais, abrir mais momentos de meditação em sua vida. Pode ser também sinal de que você foi escolhido para ser o agente que trará a resposta para as preces de alguma outra pessoa.
Isto poderá significar o início de um período no qual você aprenderá a reconhecer de fato que todos os caminhos e escolhas existentes na vida são sagrados, mesmo que sejam muito diferentes de suas próprias convicções.
Uma parte importante da mensagem trazida pelo Búfalo é aprender a louvar e honrar o caminho dos outros, mesmo que isto possa ser difícil para você.
A carta do Búfalo está assinalando que você não conseguirá nada sem a ajuda do Grande Espírito. Você deve saber cultivar a humildade ao pedir sua ajuda, e também cultivar o sentido de gratidão, propondo-se a agradecer por tudo aquilo que for recebido.
7. CACHORRO – FIDELIDADE
Você é sempre tão nobre, Até o amargo final. Sua lição é demonstrar À amizade Fiel e verdadeira.
Todas as tribos do Sudoeste e da planície dos Estados Unidos possuíam Cachorros. Estes nobres animais frequentemente alertavam seus donos sobre a aproximação dos inimigos e dos perigos iminentes.
Eles ajudavam os caçadores e eram uma preciosa fonte de calor nas longas noites de inverno. Como todas as matilhas possuem diversas linhagens, os Cachorros dos índios do passado eram meio selvagens. No entanto, esta metade selvagem de suas personalidades nunca foi motivo para que os cachorros traíssem a fidelidade inata que sentiam para com seus donos.
O Cachorro sempre foi considerado o servidor ideal do mundo animal ao longo de toda a história. Se uma pessoa pertence ao totem do Cachorro, ela certamente estará sempre servindo aos outros, ou à humanidade como um todo, de alguma forma.
São típicos representantes do totem do Cachorro os filantropos, as enfermeiras, os defensores públicos, os soldados, os religiosos e todas as demais pessoas envolvidas em trabalhos de caridade.
O Cachorro era o guardião que protegia a tribo de um ataque surpresa. À figura arquetípica do Cachorro tanto engloba o amor carinhoso do melhor amigo, quanto a energia parcialmente selvagem do protetor que defende valentemente o seu território. Assim como Anúbis, o cão-chacal protetor do antigo Egito, o Cachorro sempre foi um guardião ao longo dos tempos.
O Cachorro tanto foi o guardião do inferno quanto dos segredos e dos tesouros secretos, ou de indefesos bebês – enquanto suas mães estavam cozinhando ou trabalhando nos campos.
Ao examinar a carta do Cachorro, você pode ser assaltado pelas ternas lembranças do tempo de infância, quando seu Cachorro de estimação era o companheiro inseparável. A mensagem que o Cachorro está tentando lhe transmitir é que você precisa desenvolver bastante seu senso de dever para com os demais. Os Cachorros são os servidores ideais, sendo inteiramente devotados a seus donos, numa medida que supera inclusive em muito a maneira pela qual são tratados.
Se o dono repreender asperamente, ou mesmo surrar seu Cachorro, ainda assim ele será capaz de dedicar amor a esta pessoa que o tratou mal. E como se um espírito tolerante tivesse se alojado no coração de cada Cachorro, fazendo de cada membro da família canina um ser que deseja apenas servir.
Todavia, também existem Cachorros que tiveram a fidelidade extirpada de seu interior à custa de pancadas. Estes Cachorros latem e rosnam ao menor sinal de desaprovação, mas não são estes os representantes verdadeiros de sua espécie.
Algumas raças de Cachorros foram inclusive treinadas pelo homem para serem viciosas, agressivas e brutais, mas isto não corresponde em absoluto a natureza verdadeira do Cachorro, refletindo, ao contrário, o espírito agressivo e destrutivo de seus proprietários.
A magia do Cachorro pede que seu senso de fidelidade tem sido inspirado, por seu desejo de aprovação. Se você tirou a carta do Cachorro, existem algumas perguntas que você deve se fazer:
1. Será que eu tenho me esquecido de que os outros têm tanto direito quanto eu de manterem-se fiéis às suas próprias verdades? 2. As opiniões alheias sabotaram a amizade e respeito por amigos ou colegas de trabalho? 3. Será que eu menosprezei ou ignorei alguém que procurava ser um amigo fiel? 4. Eu tenho me mantido fiel às minhas crenças e aos meus objetivos de vida?
8. CASTOR – O CONSTRUTOR
Ensine-me a concretizar meus sonhos Neles incluindo os outros. Uma só mente Um só pensamento Corações batendo em uníssono
O Castor é o construtor ao mundo animal. A energia do Castor tem afinidade com a da água e da terra, incorporando ainda um forte sentimento de família e de vida caseira. Se você observar suas represas, capazes de bloquear fortes torrentes de água, verá que existem diversas entradas e saídas.
Quando constrói sua casa, o Castor sempre se preocupa em preparar diversos pontos de escape. Esta prática é uma lição para cada um de nós, para que não nos deixemos encurralar, pois se não nos concedermos algumas alternativas, estaremos represando o fluxo de experiências em nossas vidas.
Um produtor é caracterizado por sua operosidade, e o Castor sabe que a limitação impede a produtividade.
O Castor tem dentes muito afiados, sendo capaz de derrubar grandes árvores. Imagine, portanto, o estrago que seus dentes são capazes de fazer no lombo dos inimigos.
Para ser capaz de compreender o Castor, você deve reconhecer o poder do trabalho e conscientizar-se da satisfação proporcionada pelo bom cumprimento de uma tarefa. Precisa aprender que, para concretizar um sonho, é necessário contar com o apoio do grupo e que, para trabalhar com os outros, você precisa ter o espírito de grupo. O espírito de grupo simboliza a harmonia em seu mais perfeito estágio, não conspurcada pelos egos individuais.
Se você tirou a carta do Castor, isto talvez signifique que é chegada a hora de implementar aquele projeto tantas vezes postergado, colocando assim suas ideias em prática. Ou pode ser que a carta do Castor o esteja advertindo de que é necessário acertar as diferenças com os amigos e colegas de trabalho. O Castor lembra-o de procurar soluções alternativas para os desafios que a vida lhe oferece e de proteger as criações às quais você dedicou seu amor e sua energia.
Algumas vezes, o Castor alerta-o para a necessidade de proteger sua retaguarda.
Se for esta a mensagem, você o saberá pela posição, já que a carta do Castor aparece em seu jogo. Se a carta aparecer na posição Sul, isto é um recado para a sua criança interior, dizendo que é possível confiar, mas sem perder a cautela. Use seu poder de discernimento e tudo correrá bem.
9. CAVALO – PODER
Que traz o poder de correr Pelas amplas planícies Trazendo a visão Dos escudos Dançando na chuva púrpura do sonho.
Roubar cavalos é roubar poder, afirmava um ditado repetido com frequência pelos antigos índios norte-americanos, ilustrando a estima que devotavam ao Cavalo. O Cavalo representa o poder tanto no mundo tísico quanto na esfera espiritual e, em diversas práticas xamanistas ao redor do mundo, o Cavalo possibilita que os xamãs voem pelos ares para chegar aos céus.
Quando o Cavalo foi domesticado, a humanidade deu um grande salto, correspondente apenas àquele dado quando o fogo foi dominado. Antes do Cavalo, os seres humanos tinham pouca mobilidade, enormes pesos a carregar, eram lentos.
No momento em que montaram no dorso de um Cavalo, tomaram-se tão leves e velozes quanto o vento, além de serem capazes de transportar fardos por longas distâncias com muito mais facilidade. O Cavalo foi o primeiro animal totêmico da civilização, e foi por meio do relacionamento ímpar que estabeleciam com o Cavalo que os humanos primeiro modificaram o conceito que tinham de si mesmos. À humanidade tem uma dívida incalculável para com o Cavalo, pelos novos poderes que ele nos concedeu. A visita de um parente distante pode tomar-se uma longa e difícil caminhada se a pessoa não tiver um Cavalo que o aceite em seu lombo. E extremamente significativo que a potência dos veículos automotores seja ainda hoje avaliada em cavalos de força, evocando aquela época em que o Cavalo era um parceiro apreciado e querido da humanidade.
O Andarilho dos Sonhos, um poderoso xamã, estava caminhando pela planície para visitar a nação Arapaho. Ele carregava seu cachimbo, e a pena amarrada em seus longos cabelos negros apontava para o chão, indicando que ele era um homem de boa paz. Até que, ao transpor uma elevação, ele percebeu uma manada de cavalos selvagens correndo em sua direção.
Garanhão Negro aproximou-se de Andarilho dos Sonhos e perguntou-lhe se ele empreendera sua jornada em busca de uma resposta, dizendo-lhe ainda: – Eu venho do Vazio, onde reside a resposta. Monte em meu dorso e conheça o poder de atravessar as Trevas para encontrar a Luz.
Andarilho dos Sonhos agradeceu o convite do Garanhão Negro e aquiesceu em visitá-lo quando seu poder se fizesse necessário.
A seguir, o Garanhão Amarelo aproximou-se do Andarilho dos Sonhos e ofereceu-se para conduzi-lo ao Leste, onde reside a iluminação, pois assim ele poderia partilhar as respostas que lá encontrasse com os outros, instfuindo-os e iluminando-os. Andarilho dos Sonhos agradeceu a Garanhão Amarelo, afirmando que não deixaria de usar os presentes de poder que ele lhe oferecera ao longo de sua jornada.
Garanhão Vermelho então se aproximou, empinando-se alegremente, e falou com Andarilho dos Sonhos a respeito das alegrias contidas no equilíbrio entre o trabalho, o poder e as doces alegrias dos divertimentos. Ele advertiu Andarilho dos Sonhos que prestasse mais atenção aqueles que entremeavam suas lições com o humor. O xamã agradeceu e prometeu-lhe que não se esqueceria de usar sempre o dom da alegria.
Quando Andarilho dos Sonhos já estava próximo de seu destino e já podia perceber ao longe a nação Arapaho, Garanhão Branco destacou-se da manada para permitir que Andarilho dos Sonhos pudesse montá-lo, pois ele era o portador que carregava as mensagens de todos os demais cavalos da manada, representando a sabedoria do poder. Personificação do escudo mágico bem equilibrado, este magnífico Cavalo reitera que nenhum abuso de poder será capaz de conduzir a sabedoria.
Garanhão Branco disse então ao seu cavaleiro:
– Andarilho dos Sonhos, você empreendeu esta jornada para aliviar o sofrimento de seus irmãos, para partilhar o cachimbo sagrado e curar a Mãe Terra. Você adquiriu a sabedoria por meio da humildade, pois soube reconhecer que é um instrumento do Grande Espírito.
Assim, enquanto eu o carrego em meu dorso, você carrega todo o seu povo em suas costas. Em sua grande sabedoria, você sabe que o poder não é concedido a quem não o merece, mas unicamente àqueles predispostos a empregá-lo com discernimento e equilíbrio.
Andarilho dos Sonhos, o xamã, foi curado e transformado pela visita dos cavalos selvagens e compreendeu que sua missão, ao chegar na nação Arapaho, era a de compartilhar os presentes de sabedoria que recebera ao longo do caminho.
Ao compreender o poder do Cavalo, você irá sentir-se compelido a confeccionar um escudo de equilíbrio. O verdadeiro poder é a sabedoria e esta somente é obtida quando se mantém viva a lembrança de tudo o que ocorreu com você ao longo de sua jornada aqui na Terra.
A sabedoria brotará dentro de você quando você se lembrar de jornadas percorridas com outros mocassins. A compaixão, a bondade, o amor, e a disposição em ensinar e compartilhar os dons e os talentos que lhe foram concedidos constituem as verdadeiras sendas para o poder.
10. CISNE- GRAÇA
O poder da mulher Penetrando o Espaço Sagrado Tocando o futuro Ainda por acontecer Trazendo a graça eterna.
O pequeno Cisne voou através da Dimensão dos Sonhos à procura do futuro.
Deteve-se um instante para descansar nas águas de um lago enquanto tentava descobrir uma forma de encontrar o ponto de entrada para o futuro. O Cisne sentia-se confuso, pois tinha consciência de que havia penetrado na Dimensão aos Sonhos de forma totalmente casual, logo na primeira vez em que tentara voar sozinho, e a paisagem da Dimensão dos Sonhos o intimidava bastante.
Quando o jovem Cisne olhou para o céu, acima da Montanha Sagrada, assombrou-se com a visão do maior buraco negro turbilhonante que jamais vira. Percebendo então a libélula voando em sua direção, o Cisne pediu-lhe informações acerca do buraco negro. À Libélula respondeu-lhe:
– Veja bem, Cisne, esta é a entrada para outros níveis da imaginação, da qual sou a guardiã há muitas e muitas luas. Se você quiser atravessá-la, terá que pedir expressamente por isto, mas só poderá fazê-lo se realmente merecer tal privilégio. Apesar de não ter muita certeza de que desejava penetrar no buraco negro, o Cisne ainda assim perguntou à Libélula o que era necessário fazer para conquistar este direito. E a Libélula lhe disse:
– Você deve estar predisposto a aceitar tudo o que o futuro lhe reservar, sem tentar modificar os planos do Grande Espírito. O pequeno Cisne olhou para seu feio corpinho e retrucou:
– Eu me submeterei de bom grado aos desígnios do Grande Espírito. Não lutarei contra as correntes do buraco negro; vou entregar-me ao fluxo da espiral e acreditar em tudo aquilo que me for mostrado.
A libélula ficou muito satisfeita com a resposta do Cisne e fez com que a ilusão do lago se dissipasse. De repente, o pequeno Cisne foi sorvido por um irresistível redemoinho no meio do lago. O Cisne só reapareceu muitos dias mais tarde, mas agora estava muito diferente, era um Cisne gracioso, exibindo seu longo pescoço e as penas de uma alvura imaculada.
À Libélula surpreendeu-se:
– Cisne, o que aconteceu contigo? – exclamou ela. O Cisne sorriu e disse:
– Libélula, eu aprendi a submeter meu corpo ao poder do Grande Espírito e fui levado daqui até o local no qual o futuro reside. Dali pude perceber muitas maravilhas acima da Montanha Sagrada e, por causa de minha fé e minha aceitação integrais, fui transformado.
À Libélula ficou muito feliz com o que ocorreu com o Cisne. E este falou-lhe então a respeito das maravilhas que se ocultam atrás das ilusões. Ele fora capaz de penetrar na Dimensão dos Sonhos em virtude de sua pureza e de sua capacidade de aceitar e compreender os planos do Grande Espírito.
É isto que o Cisne nos ensina: a nos rendermos à graça do ritmo do Universo e a abandonarmos nosso corpo físico para penetrarmos na Dimensão dos Sonhos. À energia do Cisne nos toma capazes de transitar por todos os planos da consciência e a acreditar na proteção do Grande Espírito.
Se você tirou a carta do Cisne, isto indica uma alteração em seu estado de consciência que redundará no desenvolvimento da intuição. Às pessoas do totem do Cisne possuem o poder de prever o futuro, de aceitar plenamente o poder do Grande Espírito, e as consequentes dádivas e transformações que ocorrerão inexoravelmente em suas vidas.
Caso você esteja oferecendo resistência ao seu processo de autotransformação, relaxe, flutue. Tudo se toma bem mais fácil quando aprendemos a nos deixar levar pela correnteza.
Aceite o fato de que você já sabe quem está lhe telefonando antes mesmo de tirar o telefone do gancho para atender à chamada. Preste mais atenção aos seus próprios palpites e intuições, agradecendo e honrando o aspecto intuitivo, feminino, do seu ser.
11. COBRA – TRANSMUTAÇÃO
Venha deslizando Com fogo nos olhos Morda-me, Desafie-me, permita Que eu me realize. Seu veneno transmutado Acende a chama eterna Abra-me as portas do céu, Cure-me uma vez mais!
São raras as pessoas pertencentes ao totem da Cobra. A iniciação no totem da Cobra pressupõe que as pessoas tenham vivido e experimentado as múltiplas mordidas da cobra, e que tenham se tornado capazes de transmutar todos os venenos, quer sejam de natureza física, mental, emocional ou espiritual.
O poder de cura da cobra representa o poder da criação, porque engloba a sensualidade, a energia psíquica, a alquimia, a reprodução e a ascensão (ou imortalidade).
O ciclo de transmutação, que consiste em viver-morrer-renascer, é simbolizado pela troca de pele da cobra.
A energia da cobra é a energia da totalidade da consciência cósmica e da capacidade de viver todas as experiências de peito aberto, sem oferecer resistência.
É a consciência de que todos os elementos da criação possuem o mesmo valor. Assim, se a pessoa estiver centrada, no estado de espírito correto, saberá que aquilo que é normalmente encarado como veneno pode ser comido, digerido, assimilado e transmutado. O veneno sempre pode ser transformado em energias positivas.
Thot, o atlante que mais tarde retomou como Hermes – o pai da Alquimia – criou o símbolo de duas cobras enroladas em uma espada para representar o processo de cura. Cada organismo vivo possui uma porção masculina e uma porção feminina. O processo de fusão da energia masculina com a energia feminina gera uma energia divina, a energia da criação e da transmutação. Quando aceitamos a ideia de que possuímos estas duas energias em nós, podemos criar um espaço para que elas se mesclem e convivam em harmonia.
O totem da Cobra lhe ensina que você é um ser universal. Se você conseguir aceitar e harmonizar todos os diferentes aspectos de sua vida, poderá alcançar a transmutação do seu ser por intermédio da energia do fogo. Essa energia do fogo, atuando no plano material, gera paixão, desejo, procriação e vitalidade física. No plano emocional gera sonhos, ambição, criatividade e coragem. No plano mental gera inteligência, poder, carisma e capacidade de liderança. Quando a energia do fogo atinge o plano espiritual, ela se transforma em sabedoria, compreensão, sentimento de integração com o Todo e de conexão com o Grande Espírito que nos criou.
Se você tirou esta carta, isto significa que existe em seu interior a necessidade de transmutar algum pensamento, algum desejo ou algum aspecto de seu comportamento, para que você possa se integrar definitivamente com o Todo. A energia da Cobra é sempre uma energia poderosa, que nos permite elevar o nosso nível de consciência. Torne-se um sábio ou um xamã, transmutando a sua energia e aceitando todo o Poder do Fogo em seu interior.
12. COIOTE – O TRAPACEIRO
Você me enganou novamente! Preciso parar um pouco Para pensar Por que você fez isto comigo…
Existem milhares de mitos e histórias a respeito do Coiote, o grande trapaceiro. Em muitas culturas nativas norte-americanas, o Coiote é chamado de Cachorro-que-Cura.
Se você tirou esta carta, isto significa que algum tipo de lição está vindo ao seu encontro, e pode ser inclusive o tipo de lição que não será de seu agrado. Qualquer que seja o tipo de lição em questão, quer hora ou má, pode estar certo de que ela o fará sorrir, ainda que seja um riso amarelo e amargo. Pode estar certo igualmente de que o Coiote lhe ensinará uma clara lição a seu próprio respeito.
O Coiote possui muitos poderes de cura, mas nem sempre eles funcionam em seu próprio benefício, pois seu espírito trapaceiro às vezes acaba iludindo a si mesmo. Ninguém fica mais surpresa com o resultado de seus próprios truques do que o Coiote, que se toma então capaz de cair na armadilha que ele mesmo criou. Entretanto, de um jeito ou de outro, ele sempre sobrevive, muito embora seja incapaz de aprender com os próprios erros e logo esteja se encaminhando para um erro ainda maior.
Ele pode perder uma batalha, mas nunca se considera derrotado.
O Coiote é um animal sagrado e, na insensatez de seus atos, vemos o reflexo de nossa própria insensatez. Ao caminhar de um desastre para outro, o Coiote vai aprimorando seus recursos de autossabotagem até chegar às raias da perfeição neste campo. Ninguém pode cegar os outros ou a si mesmo para a realidade com mais graça e facilidade do que este trapaceiro sagrado.
Às vezes o Coiote se leva tão a sério que se toma incapaz de ver o óbvio: a locomotiva que está prestes a atropelá-lo. E por isso que ele não acredita quando o desastre ocorre, e nem mesmo depois… Ele é capaz de se perguntar – Foi mesmo uma locomotiva que me atropelou? Acho melhor dar mais uma olhada… -e lá vai ele de novo, rumo a um novo desastre!
A figura do Coiote simboliza o humor de todos os tempos, de todos os povos e de todas as eras. O grande humor cósmico não se aplica apenas a nós, mas a todos os demais seres humanos, caso eles pertençam ao totem do Coiote ou estejam sendo ludibriados por um membro deste totem. Uma pessoa do totem do Coiote será capaz de convencer a todos de que um Gambá tem odor de rosas.
Porém, a verdade é que um Gambá cheira mal e continuará assim, apesar das afirmativas em contrário do Coiote. Se você tirou a carta do Coiote, é sinal de que a época de descanso e despreocupação acabou. Preste atenção, pois seu castelo de areia pode ser destruído pelas ondas! Sua autoimagem pode ficar muito abalada. O divino trapaceiro está lhe preparando uma armadilha na qual você poderá cair, apesar de se achar esperto demais para ser enrolado pelos outros.
O Coiote executa uma dança louca, incendeia o próprio rabo ao brincar com o rogo, atira-se num lago para não morrer queimado e com isso quase morre afogado. O Coiote é capaz de seduzir uma estátua de bronze, mas está sempre se metendo numa enrascada.
Ele pensa que achou um osso, festeja ruidosamente, mas, quando vai verificar, descobre que se trata de uma serpente do deserto e que está fazendo papel de bobo diante de todos.
Na verdade, o Coiote é você, sou eu, somos todos nós, pulando de trapalhada em trapalhada, de bobeira em bobeira, de enrascada em enrascada em nossas vidas. O show ainda não acabou. Prepare-se para mais gargalhadas – muitas mais…
Tente penetrar imediatamente no âmago de suas experiências e indague a si mesmo por que razão está fazendo as coisas que tem feito. Você está sendo vítima da energia do Coiote e iludindo a si mesmo? Está tentando enganar um adversário?
Alguém está tentando lhe passar a perna? Tem feito brincadeiras de mau gosto com seus amigos ou colegas de trabalho? Tem agido irracionalmente só pelo prazer de cometer desatinos e ridicularizar os outros? E capaz de prejudicar os outros só para se divertir?
Por outro lado, pode ser que você ainda não esteja totalmente consciente de que anda se iludindo, nem do papel que está fazendo. Você pode ter se incompatibilizado com sua família, seus amigos, seus colegas de trabalho ou com as pessoas de um modo geral e, ainda assim, continuar achando que sane o que está fazendo.
Mas veja bem, Coiote, a verdade é que você já caiu em sua própria armadilha. Você criou uma maquinação inebriante, desconcertante e perturbadora que acabou confundindo até você mesmo. Retire os óculos de prestidigitador e veja a verdade emergir com clareza novamente por trás da cortina de autossabotagem que você estendeu diante de seu rosto. Tenha então senso de humor suficiente para rir de seus próprios erros, truques e desacertos. Ria, pois o riso tem um efeito regenerador.
Caso não seja capaz de rir de você mesmo e de seus desatinos, você perdeu o jogo. O Coiote sempre surge em nossas vidas quando as coisas estão sérias demais. A eficácia da cura do Coiote reside justamente no riso e na brincadeira, capazes de abrir caminho para novos pontos de vista.
Se você é membro do totem do Coiote, pode usar seus talentos histriônicos para fazer rir seus bons amigos estressados, animar uma reunião social ou para quebrar o gelo numa conversa, com a maior facilidade. Seja capaz de ver o lado positivo das sabotagens que você mesmo perpetrou contra si próprio, pois elas podem ter servido para descartar aspectos indesejáveis de sua vida.
13. COELHO – MEDO
Abandone seus medos! Fugir não fará cessar a dor Nem derramará luz na escuridão.
Há muito, muito tempo, o Coelho era um guerreiro forte e destemido, cuja melhor amiga era uma bruxa chamada Olho Andante. Os dois eram verdadeiramente inseparáveis e passavam longas horas juntos, perdidos em conversas infindáveis sobre os mais diversos assuntos.
Um dia, Olho Andante e o Coelho caminhavam por uma estrada e, em determinado momento, pararam um pouco para descansar.
O Coelho disse então:
– Estou com sede.
Olho Andante pegou uma rolha no chão e soprou sobre ela, transformando-a num cântaro cheio da mais pura e refrescante água, da qual o Coelho bebeu sem lazer qualquer comentário. Mais adiante, disse o Coelho:
– Estou com fome.
Olho Andante pegou então uma pedra à beira da estrada e soprou sobre ela, transformando-a num suculento nabo, que ofereceu ao Coelho. Este pegou o nabo de suas mãos, deliciou-se com ele, mas seguiu em frente sem fazer qualquer comentário.
Ambos continuaram caminhando e logo alcançaram a trilha que conduzia as montanhas, pela qual enveredaram. Quando já estavam quase chegando ao cume da mais alta das montanhas, o Coelho escorregou e rolou montanha abaixo, quase sucumbindo na queda. Quando finalmente Olho Andante conseguiu chegar até seu amigo acidentado, parecia que o Coelho, todo estropiado, não teria mais condições de viver. Contudo, Olho Andante empregou todos os seus conhecimentos de magia para soldar os ossos partidos e regenerar as horríveis feridas do Coelho, salvando sua vida.
Ainda assim, o Coelho não lhe disse nenhuma palavra de agradecimento.
Alguns dias mais tarde, Olho Andante procurou por toda a parte pelo Coelho e não o encontrou, findando por desistir de tentar achá-lo, depois de muita busca. Pouco tempo depois, ela topou com o Coelho por acaso e perguntou-lhe:
– Coelho, você está me evitando, escondendo-se de mim?
– Sim – respondeu o Coelho assustado -, estou rugindo de você porque eu tenho medo de magia.
Deixe-me em paz!
– Está bem-disse Olho Andante -, eu usei meus poderes mágicos para matar sua sede, saciar sua tome e salvar sua vida, e agora você me vira as costas e recusa minha amizade.
– Não quero ter mais nada a ver com você ou com seus poderes mágicos e espero nunca mais vê-la de novo! – retrucou o Coelho, sem sequer perceber as lágrimas que brotaram dos olhos da feiticeira ao ouvir suas palavras de ingratidão.
– Coelho – disse-lhe Olho Andante -, nós já fomos grandes amigos e é somente em nome de nossa antiga amizade que não o destruirei, apesar de poder fazê-lo com facilidade. Mas eu amaldiçoo você e todos os seus descendentes, fazendo com que vocês fiquem permanentemente chamando seus medos, que, de agora em diante, serão parte inseparável de sua personalidade.
E por isso que agora o Coelho é um Invocador de Medos. Quando o Coelho sai de sua toca ele grita:
Águia, estou com tanto medo de ti! Se a Águia não o escuta da primeira vez, ele grita ainda mais alto: Fique longe de mim, Águia! Até que ela percebe sua presença, mergulha sobre o Coelho e o devora, como também o fazem o Lobo, o Gato-do-mato, o Coiote e até mesmo a Cobra, quando o Coelho chama por eles.
A lição desta história é que as pessoas do totem do Coelho temem tanto as doenças, as desgraças, as tragédias e a morte que acabam passando da doença à desgraça e da desgraça à tragédia até o dia em que, por fim, morrem, pois elas atraem constantemente aquilo que temem, para que essas coisas, ou essas experiências, possam lhes ensinar lições de destemer. Lembre-se de que tudo aquilo a que se resiste persiste, de forma que seus maiores temores sempre acabarão se tornando realidade.
À carta do Coelho pode pressagiar um período de grande inquietude em relação ao futuro ou de insensatas tentativas em controlar aquilo que é incontrolável pela própria natureza: o porvir. Pare imediatamente com isto! Anote seus medos numa rolha de papel, vivencie-os profundamente em sua imaginação e então faça como a feiticeira da lenda e sopre sobre eles, e perceba como seus medos se espalham ao vento indo para bem longe.
Queime então a rolha de papel, livrando-se definitivamente de todo e qualquer temor.
A lição do Coelho para você é a seguinte: pare de uma vez por todas de talar sobre as coisas horríveis que estão sempre acontecendo com você ou com quem quer que seja e elimine inteiramente de seu vocabulário a expressão o que será de mim, se…”
14. CORSA – GENTILEZA
E carinhosa A flor da meiguice, Um abraço vindo de longe.
Um dia a Corça ouviu o Grande Espírito chamando por ela do topo da Montanha Sagrada. A Corça iniciou imediatamente sua jornada, sem imaginar que um terrível demônio tomava conta do caminho que levava à morada do Grande Espírito. O demônio estava tentando impedir que todos os Seres da Criação se aproximassem do Grande Espírito. Este demônio queria que todos os seres vivos pensassem que o Grande espírito não desejava ser perturbado. Isto deixava o demônio satisfeito, pois ele se sentia poderoso e assustador.
A pequena Corça não sentiu o menor medo, e nem se assustou quando se deparou com o demônio, arquétipo do mais horrível dos demônios que já haviam existido. O demônio cuspiu fogo e fumaça sobre a Corça e tentou atemorizá-la com gritos terríveis.
Qualquer outra criatura teria morrido de medo ou tentado escapar o mais rápido possível, mas a Corça não fez nada disto. Ela se limitou a pedir gentilmente ao demônio:
– Deixe-me passar, por favor. Eu estou indo ver o Grande Espírito.
Os olhos da Corça estavam repletos de amor e compaixão por este demônio tão grande e tão feio…
O demônio ficou totalmente desconcertado com a atitude da Corça e com sua própria incapacidade de assustá-la. Nada que ele pudesse tentar poderia amedrontá-la, pois o amor da Corça havia penetrado seu coração triste, feio e empedernido.
Para a própria consternação do demônio, seu coração de pedra começou a amolecer com o amor e a gentileza persistentes da Corça, de modo que o corpo antes gigantesco do demônio encolheu ao ponto de ficar do tamanho de uma casca de noz.
O amor, a compaixão e o carinho personificados pela Corça abriram o caminho para que todos os filhos do Grande Espírito pudessem, daí por diante, alcançar o topo da Montanha Sagrada sem que os demônios do medo conseguissem impedir a sua passagem.
A Corça nos ensina a usar o poder da gentileza para tocar os corações e as mentes de todos os seres machucados pela existência, e que estão sempre tentando nos manter longe da Montanha Sagrada.
Assim como existem pequenas manchas brancas e negras na pelugem da Corça, devemos aceitar a amar tanto a luz quanto a escuridão para sermos capazes de criar um mundo de amor e segurança para todos aqueles que buscam a paz.
Se a Corça teve a gentileza de abrir caminho até as suas cartas hoje, isto é sinal de que você está sendo solicitado a despertar em seu íntimo o amor e a ternura capazes de curar qualquer ferida.
Deixe de tentar mudar os outros à força e tente amá-los do jeito que eles são.
Empregue a gentileza para resolver seus dilemas atuais e volte a ser como a brisa de verão: quente e acariciante. Esta é a melhor solução para seus problemas e, se você empregar esta tática, o caminho estará livre para que você alcance a Montanha Sagrada, seu refúgio de equilíbrio e serenidade, a partir do qual você será guiado pelo Grande Espírito.
15. CORVO – MAGIA
Negro como piche Místico como a Lua. Fale-me de magia E eu voarei com você Muito em breve
O Corvo sempre foi o portador da magia. Este seu papel foi reconhecido pelas mais diversas culturas, ao longo dos tempos, em todo o planeta. E considerado sagrado honrar o Corvo como sendo o portador da magia. Se esta magia for ruim, ela inspirará muito mais medo do que respeito.
Àqueles que trabalham com a magia de forma errada tem razoes para temer o Corvo, pois isto é sinal de que estão se imiscuindo em áreas que não dominam, e os feitiços que estão fazendo certamente acabarão retomando contra eles.
Em vez de deplorar o lado negro da magia, conscientize-se de que você só irá temer o Corvo quando necessitar aprender algo sobre os seus temores secretos ou sobre os demônios criados por sua própria imaginação.
A magia do Corvo é poderosa e pode lhe infundir a coragem necessária para penetrar nas trevas do Vazio no qual residem todos os seres que ainda não tem forma definida. O Vazio é denominado “Grande Mistério”.
O Grande Mistério já existia antes que todas as outras coisas viessem a existir.
O Grande Espírito é oriundo do Grande Mistério. O Corvo é o mensageiro do Vazio.
Se a carta do Corvo apareceu em seu jogo, isto é prenúncio de que você está às vésperas de experimentar uma mudança de consciência, que pode significar inclusive uma viagem pelo Grande Mistério ou por alguma senda situada à margem do tempo. A cor do Corvo é a cor do Vazio – o buraco negro no espaço sideral que congrega todas as energias criadoras.
Esta carta traz a seguinte mensagem do Corvo: Você conquistou por seus próprios méritos o direito de vislumbrar um pouco mais da magia da vida.
O preto pode expressar, por exemplo, a busca de respostas, o’ Vazio, ou o caminho para as dimensões suprafísicas. A cor negro-azulada do Corvo possui uma luminosidade que simboliza a magia da escuridão e uma mutabilidade de forma que simboliza os nossos processos de transformação.
O Corvo é o guardião da magia cerimonial, e um curador que opera à distância, e que está sempre presente em qualquer Roda de Cura.
O Corvo guia a magia curativa para promover uma mudança de consciência capaz de manifestar uma nova realidade na qual não há mais lugar para a doença e a ignorância. O Corvo nos traz diretamente do Vazio do Grande Mistério.
O Corvo é o mensageiro que conduz o fluxo de energia de uma cerimônia mágica, guiando-a até o seu objetivo final. Seu papel é o de interligar as mentes dos praticantes do ritual com as mentes daqueles que estão necessitando daquele trabalho.
Se você tirou a carta do Corvo, isto é sinal de que há magia no ar ao seu redor. Não tente, porém, decifrá-la ou interpretá-la de modo racional, pois você não será capaz, visto que esta é a magia do desconhecido em ação, preparando a chegada de algum acontecimento muito especial. O maior mistério, no entanto, será a sua própria reação ante a maravilhosa sincronia proporcionada por esse momento de pura alquimia.
O Corvo é o protetor dos sinais de fumaça e das mensagens espirituais representadas pela fumaça.
Portanto, se você deseja entrar em contato com os Anciões ou enviar uma mensagem para a Estrada Azul do Espírito, peça auxílio ao Corvo.
Ou, quem sabe, os Anciões estão chamando por você.
Lembre-se de que este momento mágico surgiu do vazio da escuridão.
O seu desabo, a partir de agora, é iluminá-lo. Ao manifestar a magia luminosa deste momento você estará honrando plenamente o mágico que existe dentro de você!