A palavra “aroma” se remete a cheiro e “terapia” a cura (LASZLO, 2010). Aromaterapia é um termo criado pelo químico francês René Maurice Gattefossé nos anos vinte para descrever a prática do uso óleos de essências em curas. Consiste em restabelecer e melhorar a saúde mental, emocional, física ou espiritual (SKEPDIC, 2010).
É um recurso que trás benefícios oferecendo a possibilidade de promover relaxamento e equilíbrio, reduzir o stress, auxiliar no tratamento da depressão, estimular a performance mental, elevar o humor, estabilizar comportamentos, auxiliar na cicatrização, nas queimaduras, clarear manchas, hidratar, amenizar a lipodistrofia ginóide (celulite), enfim, nas mais variadas doenças, desequilíbrios estéticos e problemas que os seres humanos apresentem.
É uma técnica que promove cura, com atestado científico de comprovação de eficiência.
Os óleos essenciais são os principais componentes odoríferos encontrados nas plantas, como evaporam quando expostos ao ar em temperaturas normais, são também chamados de óleos voláteis. Provenientes de folhas, flores, talos de plantas, raízes, sementes, pétalas, caules, cascas, constituído por centenas de substâncias químicas como alcoóis, aldeídos, ésteres, fenóis e hidrocarbonetos (CORAZZA, 2002). São uma mistura de substâncias orgânicas complexas e altamente concentradas, por isso são raras as ocasiões que devem ser usados sem diluição (DAVIS, 1996).
A Aromaterapia provém de vários povos e culturas em diferentes épocas. Os chineses foram um dos primeiros povos a utilizar a Aromaterapia para o bem- estar, harmonia e equilíbrio. O povo egípcio foi o precursor na utilização de incensos, também utilizava substâncias aromáticas para fins medicinais e cosméticos, eles foram os criadores do termo perfume, do latim per fumum, que significa “através da fumaça”, onde a fumigação era a principal forma de utilização dos aromas (TISSERAND, 1993) este povo realizava a mumificação dos corpos com plantas aromáticas por acreditar no valor anti-séptico e na força das mesmas para conservar imortais.
Os gregos aprenderam muito com os egípcios, eles utilizaram a Aromaterapia para fabricar perfumes, realizar massagens terapêuticas, combater pragas, e Hipócrates, chamado de “pai da medicina”, praticava fumigações para conseguir benefícios aromáticos e medicinais. Os soldados gregos carregavam um ungüento à base de mirra (rica em componentes cicatrizantes e anti-sépticos) para tratar ferimentos. E os indianos usavam a Aromaterapia associada a Medicina ayurvédica (KIPLING, 1993). Por volta do ano 1000, um médico e filósofo persa, mais conhecido por Avicena (980-1037), inventou a serpentina refrigerada (alambique). Um dos progressos mais significativos na história da perfumaria, embora alguns historiadores acreditem que os egípcios tivessem uma forma primitiva de destilação séculos antes (SILVA, 2001; BERWICK, 1998).
Segundo Davis (1996), Avicena era cientista, poeta, médico estudioso e alquimista, e as rosas tinham um significado muito específico nos experimentos alquímicos. Eram depositadas em um frasco, ou alambique, e aquecidas juntamente com outros materiais, sendo o vapor assim produzido e coletado em outro frasco resfriado. As rosas aquecidas por esse processo produzirão uma quantidade de água de rosas, com uma porção mínima de óleo ou Atar de rosas a flutuar na superfície. Este seria um método artesanal de destilação.
No decorrer da história da Aromaterapia grandes nomes tiveram destaque: René-Maurice Gattefossé: químico que dedicou-se a pesquisar sobre o uso dos óleos voláteis nos cosméticos. Dois fatos ajudaram a ampliar seu interesse, um deles foi de que os cosméticos costumavam conter anti-sépticos, logo, Gattefossé reuniu informações suficientes para se convencer de que muitos óleos essenciais tinham propriedades anti- sépticas mais poderosas do que alguns anti-sépticos químicos usados na época. Outro fato foi quando Gattefossé queimou uma das mãos durante um procedimento em seu laboratório, de forma instintiva ele imergiu as mãos imediatamente em um tonel com óleo de lavanda puro, e não se surpreendeu muito ao observar que a queimadura regrediu em tempo muito curto, sem sinal de infecção ou cicatriz. Estes episódios o instigaram a aprofundar seus estudos sobre o tema (BERWICK, 1998; KIPLING, 1993).
Nicholas Culpepper: médico, botânico, herbalista e astrólogo, conhecido em sua época como grande conhecedor de medicamentos feitos com ervas. Passou a maior parte de sua vida no exterior, explorando e catalogando centenas de ervas medicinais. Em 1652 lançou o livro “The English Physitian” e em 1653 “Complete Herbal”, um livro com 369 remédios feitos de ervas inglesas (WIKIPEDIA, 2010).
Jean Valnet: médico francês que desenvolveu o primeiro sistema de terapia através dos óleos essenciais. Durante a Segunda Guerra Mundial, onde serviu como médico, ficou sem antibióticos e então resolveu fazer uso dos óleos. Como resultado ele percebeu o poderoso efeito redutor e exterminador dos processos infecciosos que afetavam os feridos. O médico tratou de desordens médicas e psiquiátricas e estes resultados foram publicados em 1964 no livro “Aromatherapie” (KELLER, 2003).
Marguerite Maury: farmacêutica, bioquímica considerável na Aromaterapia moderna, que introduziu a técnica na Inglaterra e pesquisou os óleos a serem utilizados na saúde e estética, interessava-se muito no rejuvenescimento. Foi a pioneira na introdução da visão holística dentro da Aromaterapia, criando um método de aplicação dos óleos pela massagem através da absorção cutânea, de acordo com as características da personalidade de cada cliente (PI – prescrição individual) (KIPLING, 1993; DAVIS, 1996).
Os principais métodos para extração dos óleos essenciais são a destilação, prensagem, maceração e enfloração.
Destilação: é o principal método de extração, o processo é realizado em um destilador, onde as partes frescas ou secas da planta são colocadas. Envolve o aquecimento da planta, seja colocando-a na água, que é então fervida (destilação direta), ou colocando-a em uma grade e aquecendo-se a água que está embaixo, de modo em que o vapor passe através dela (destilação a vapor) (DAVIS, 1996; CORAZZA, 2002).
Prensagem: é também conhecido por “expressão” ou ainda “processo da esponja”, é utilizado principalmente na Sicília (Itália) para extrair óleos essenciais cítricos. Corta-se as frutas cítricas ao meio e separa-se as polpas das cascas, deixa-se as cascas imersas na água por várias horas. Posteriormente comprime-se as cascas com as mãos em cima de esponjas que absorvem o sumo das frutas cítricas diluído em água. A prensagem feita por máquina dá praticamente o mesmo resultado. O rendimento máximo é de até 80% do conteúdo total do óleo (SILVA, 2001).
Maceração: as folhas e flores são esmagadas até o ponto inicial da ruptura das glândulas celulares. Em seguida são colocadas em gordura depurada (purificada e inodora) ou em óleo vegetal quente. Para adquirir a concentração do óleo coloca-se uma nova massa vegetal de flores e folhas dentro desse primeiro óleo vegetal que já está aromatizado, aquecendo-o novamente a 30oC e deixa-o macerando, deve-se repetir este processo até alcançar a concentração de óleo essencial desejada. O ciclo pode levar até um mês para ser concluído. (SILVA, 2001).
Enfloração: é utilizado para extração de flores com baixo teor de óleos essências, ou tão delicadas que não podem ser destiladas a vapor, ou ainda flores cujas pétalas continuam a produzir óleos essenciais mesmo depois do corte. É um processo lento, rudimentar e de baixo rendimento (CORAZZA, 2002). Neste método o que se faz é colocar uma camada de pétalas sobre uma camada de banha ou gordura depurada que repousa sobre uma placa de vidro, esta gordura absorve os óleos essenciais.
O processo é repetido e as folhas de vidro são enfileiradas em estrutura de madeira de chassis. As pétalas murchas são removidas e substituídas por frescas, repete-se este processo até que a gordura tenha absorvido todo o óleo essencial possível, pode levar até três semanas (DAVIS, 1996).
“Aromaterapia é xamanismo ao alcance de todos.”
A autoria da frase é de Kurt Schnaubelt, no livro Medical aromatherapy: healing with essential oils, de 1999.
Na obra, o autor diz que a química das plantas é professor que nos ensina a aumentar nossa compreensão sobre as maravilhas da criação.
Óleos essenciais – Medicina da Floresta
Quando se fala em Aromaterapia, algumas pessoas imaginam o cheiro a fragrância , o perfume. A Aromaterapia é a terapia através dos óleos essenciais. É a forma mais concentrada de energia vegetal. Os óleos essenciais são extratos altamente concentrados, que não podem ser confundidos com essências oleosas ( maceração de óleos vegetais nas ervas secas ) ou substâncias químicas que produzem aromas. Os óleos essências são os hormônios da planta. São obtidos por um processo alquímico, onde representavam para os alquimistas a quintessência . É a extração do óleo contido na própria planta, presente em quantidades muito pequenas a partir de 0,01 %, dependendo da planta.
É a própria alma da planta, ou o Eu Superior da planta.
Na idade média, nos tempos de cólera os perfumistas raramente contraiam a doença, devido os óleos essenciais possuir propriedades anti-sépticas. Na visão da Antroposofia, os óleos essenciais são produzidos pela atividade solar. São manifestações das forças cósmicas do fogo, produzidos pelo “Eu Cósmico” da planta, por isso indicados para o corpo astral.
Cada óleo tem um efeito curativo próprio, e, juntando o conhecimento das técnicas de preparo, a matéria-prima de qualidade e o conhecimento das necessidades pessoais do usuário, cria-se a energia necessária para que a saúde se restabeleça. Os óleos essenciais são encontrados principalmente na França e na Índia. Foi na França, que o perfumista francês Maurice Gattefosse, consagrou o termo Aromaterapia.
Gattefosse entrou no mundo dos aromas como terapia, a partir de um acidente pessoal em seu laboratório, quando ao ter sua mão queimada, imediatamente mergulhou-a numa vasilha contendo óleo essencial de lavanda e espantou-se ao constatar não só o alívio do ardor, como também as boas condições de sua mão.
A Aromaterapia e óleos essenciais agem em diversos níveis :
• Ação Alopática : devido à composição química dos óleos essenciais e suas propriedades anti-sépticas, estimulantes, calmantes, antinevralgicas e etc. • Ação Sutil : ao nível da informação, como os remédios homeopáticos e antroposóficos. • Ação Mental : efeitos a partir dos cheiros / aromas.
Chegamos a definição que Aromaterapia é a arte de curar através dos óleos essenciais. A ação terapêutica básica do óleo essencial consiste em fortalecer órgão e suas funções, aumentar as defesas do organismo, propiciar clima, fortalecer emoções, relembrar, propiciar prazer.
Destilação Alquímica -Oléos essenciais
Os métodos de extração de óleos essenciais desde os mais antigos até os mais modernos foram muitos. Desde os mais antigos “enfleurage “ ( extração com uso de gorduras ) até por alambiques de vapor e com dióxido de carbono hipercítrico. A destilação alquímica nos permite comparar o processo com o desenvolvimento espiritual humano. A destilação pode simbolizar a meditação ou o esforço da mente para subir ao plano das idéias arquetípicas. A destilação demonstra a interação constante das complementaridades, Matéria e Espírito.
Neste caso o processo alquímico é dividido em quatro fases : (Extraído do livro The Magical and Ritual Use Of Perfumes de R.A.Miller e Iona Miller )
1. O Espírito alcança uma consciência separada da matéria. 2. Depois de algum tempo o espírito deseja identificar-se com todo o Universo e sublima, abandonando a Matéria. 3. A matéria, porém, atrai o Espírito de volta para si, percebendo que enriquecer a consciência dessa maneira faz parte do plano evolucionário da criação. 4. Os dois voltam a unir-se. O processo continua até que o Espírito absorva completamente todas as lições da matéria, ao mesmo tempo em que esta é depurada. Cada destilação é um passo para frente. Na meditação, a consciência é gradual e dolorosamente expandida pela concentração e pelo esforço por uma relação correta, mas o processo é longo.
Prima matéria Óleos Essenciais
Na alquimia é a matéria- prima ou a massa botânica bruta (plantas). Representa nossos complexos ou problemas mentais. É a base do trabalho que será exposta ao calor do elemento fogo na operação chamada CALCINATIO.
Calcinatio
No processo de desenvolvimento, o fogo vem da frustração de desejos instintivos o que leva ao desenvolvimento espiritual. O calor faz com que a essência ou alma se livre de identificações terrenas e comece a subir.
Solutio
O que antes parecia sólido passa a ser líquido (solutio) e emerge numa forma rejuvenescida. Forçamos nossos limites, alcançamos novos estados de consciência. Elemento Água.
Sublimatio
União com Deus – É a operação do elemento Ar. Um processo de elevação que transforma a substancia menor em outra maior. O vapor contendo óleo volátil evapora para o alto do frasco, assim como o espírito eleva-se na meditação. Separa a alma do corpo. Espírito livre ainda está ligado às limitações da vida física (karmas obrigações, trabalho).
Coagulatio
Corpo Imortal – O vapor resfria e condensa recoagulando a essência assumindo nova existência livre de impurezas.
Circulatio
Quando está pronta para combinar com outras essências. Vira novamente prima-matéria. Para aquisição de um corpo imortal é mais rodadas de destilação. A repetição dos movimentos ascendente e descendente traz o padrão de refinamento. Quando está devidamente purificada vai para a operação Conjuctio.
Conjuctio
Significa União, amizade, intimidade relacionamento. É a união da Alma com Deus. O seu resultado é a Quintessência.