Curso de Homeopatia
OS FUNDAMENTOS
OS FUNDAMENTOS
A Homeopatia, como toda racionalidade médica, é ciência e arte de curar.
É ciência porque possui um conjunto de conhecimentos organizados e uma metodologia própria.
As bases da Homeopatia, reconhecidas por Hahnemann após suas experiências, são:
1- Experimentação dos medicamentos em homens sãos;
2- Princípio da Semelhança (ou Lei dos Semelhantes);
3- Administração de medicamento único e dinamizado.
A EXPERIMENTAÇÃO EM HOMENS SÃOS
Esta foi uma das maiores contribuições de Hahnemann para a Medicina. Uma inovação dos métodos de pesquisa. A questão a ser respondida era: – Como descobrir possíveis efeitos curativos de determinada substância?
Ao utilizar animais teremos sempre resultados parciais, falsos ou pobres em detalhes em virtude das características peculiares aos seres humanos. Ao utilizar pessoas doentes não saberíamos quais ações são devidas à droga e quais são devidas à doença. Assim, Hahnemann estabelece orientações para a experimentação de substâncias:
Em cada experiência deve-se estudar uma única substância diluída segundo o método homeopático;
Administrá-la repetidamente a um grande número de indivíduos saudáveis de ambos os sexos; Observar e anotar as alterações que daí surgirem no estado físico e mental dos participantes.
Com a experimentação, o pesquisador homeopata descobre várias manifestações que cada substância pode desencadear em uma pessoa que seja sensível a ela.
Atualmente as experimentações de novos medicamentos são controladas usando-se o método epidemiológico.
As descrições minuciosas de todas as alterações (sintomas) provocadas pela substância experimentada são chamadas PATOGENESIAS. O conjunto de patogenesias recebe o nome de MATÉRIA MÉDICA.
LEI DOS SEMELHANTES
Toda substância capaz de provocar determinados sintomas numa pessoa sadia é capaz de curar sintomas semelhantes que se apresentam numa pessoa doente.
Esta lei não foi uma descoberta de Hahnemann.
Hipócrates já expressara tal ideia no aforismo: “similia similibus curantur” (semelhante cura semelhante). Pelo semelhante se produz a enfermidade e, aplicando-se o semelhante, ela é curada.
Desde Hipócrates (400 a.C.), muitos médicos antes de Hahnemann aproximaram-se desta lei. Galeno (séc. II d.C.) a reconhecia; Paracelso (séc XVI) chegou perto ao utilizar substâncias que tivessem características semelhantes aos sintomas do doente; Sydenham (séc XVII) observou o efeito da mesma quinina que Hahnemann experimentou e concluiu que ela curava a febre porque atiçava a febre.
Hahnemann cita várias aplicações da lei dos semelhantes relatadas por médicos anteriores a ele. Alguns exemplos:
– Bertholon percebeu que a eletricidade aliviava um tipo de dor semelhante à que ela mesma produz;
– Boulduc dizia que o ruibarbo é um laxante para pessoas saudáveis, por isso controla a diarréia dos doentes;
– Stahl comprovou que o estanho curava violentas dores de estômago e produzia as mesmas dores em pessoas saudáveis;
– Pesquisadores observaram que o arsênico produz fortes dores no peito e Alexander afirmou que o arsênico é remédio eficaz contra a angina do peito;
Cullen percebeu que a cânfora curava pacientes com febre baixa e fadiga e provocava esses mesmos sintomas numa pessoa sã. (outros inúmeros exemplos são citados por Hahnemann na introdução da sexta edição do Organon da arte de curar).
Muitos anos antes de Hahnemann, Stahl, médico do século XVIII, chegou a escrever:
“A regra admitida na medicina, de tratar as enfermidades por meios opostos, é completamente falsa e equivocada. Estou persuadido de que as enfermidades cedem e se curam pelos agentes que produzem uma afecção semelhante”.
No século XIX, Hahnemann sedimenta definitivamente a lei dos semelhantes.
Enuncia no parágrafo 26 do Organon o núcleo da Homeopatia:
“Uma afecção dinâmica mais fraca é destruída permanentemente no organismo vivo por outra mais forte, se esta última for muito semelhante àquela em suas manifestações”.
Há aqui um conceito fundamental: para a Homeopatia a cura verdadeira se dará quando uma doença “natural” for vencida por uma doença “artificial”. Além disso, essa cura só ocorrerá se for respeitada a lei dos semelhantes, ou seja, se a doença provocada pelo medicamento for semelhante à doença apresentada pelo doente.
A semelhança entre o medicamento e o doente será tão maior quanto maior for a individualização dos sintomas.
SINTOMA: sensação subjetiva. Aquilo que é sentido pela pessoa, mas não visualizado.
SINAL: um dado objetivo que pode ser observado.
SÍNDROME: conjunto de sinais e sintomas.
Para a Homeopatia, tudo que a pessoa percebe como alteração do seu estado de saúde, tudo que o incomoda, que o faz sofrer e tudo aquilo que compõe os traços de sua personalidade, suas ideias, pensamentos, sonhos, desejos, aversões… Tudo isso é sintoma.
Após enunciar a lei dos semelhantes, Hahnemann reforça no parágrafo 27 dizendo que o método de cura mais radical, permanente e seguro será a administração de um medicamento capaz de produzir (numa pessoa saudável) a totalidade dos sintomas daquele caso individual de enfermidade que se pretende curar. Isso é Homeopatia.
Surgem aqui dois conceitos de grande importância na Homeopatia: individualidade e totalidade.
CHRISTIAN FRIEDRICH SAMUEL HAHNEMANN
Nasceu em Meissen, Alemanha, em 10/04/1754.
Filho de um pintor de porcelanas. Já na juventude sabia alemão, inglês, francês, hebreu, grego, italiano, latim e árabe. Estudou Medicina em Leipzig, Viena e Erlanger. Em seu primeiro casamento teve 11 filhos. Desiste da Medicina por insatisfação com os resultados. Após a descoberta da Homeopatia é perseguido por seus contemporâneos. Dedica toda sua vida ao aperfeiçoamento da nova medicina que fundara. Casa-se com uma jovem francesa e muda-se para Paris, onde morre aos 88 anos, em 1843.