![](https://escolaterapiasintegrativas.com/wp-content/uploads/2021/08/HOMEOPATIA.jpg)
Curso de Homeopatia
CONCEITO DE SAÚDE E DOENÇA
CONCEITO DE SAÚDE E DOENÇA
Ao experimentar a quina, Hahnemann enriquece a Medicina com duas grandes ideias:
– A lei dos semelhantes
– A necessidade da experimentação em pessoas sãs, onde Hahnemann descreve a sua experiência pioneira nestes termos:
“Tomei, como experiência, duas vezes ao dia, quatro dracmas de boa quina. Meus pés e as extremidades dos dedos ficaram frios, fui ficando lânguido e sonolento, depois ocorreram palpitações do coração e o pulso ficou fraco, ansiedade intolerável, tremor, prostração de todos os meus membros, em seguida, latejo na cabeça, vermelhidão nas faces, sede e, resumindo, apareceram todos esses sintomas que são ordinariamente característicos da febre intermitente, um após o outro, sem, no entanto, o frio peculiar e o calafrio. Em suma, até mesmo esses sintomas que ocorrem regularmente e são especialmente característicos como o embotamento da mente, aquela espécie de rigidez dos membros e acima de tudo a desagradável sensação de entorpecimento que parece ocorrer no periósteo, espalhando-se para todos os ossos do corpo – tudo isso apareceu. Esse acesso durava duas ou três horas de cada vez e só reaparecia se eu repetisse a dose, caso contrário, não; interrompi a dosagem e fiquei com boa saúde”.
Para Hahnemann, a totalidade sintomática provocada pela ingestão da quina era muito semelhante ao quadro de sintomas da Malária (febre intermitente).
Vejamos como o quadro clínico da mesma enfermidade é apresentado nesta transcrição de um trecho do Harrison (famoso Tratado de Medicina Interna da atualidade):
“Os primeiros sintomas da Malária são inespecíficos: mal-estar,
fadiga, desconforto abdominal e dores musculares seguidas
por febre (…) náuseas, vômitos e hipotensão são comuns”.
Comparando-se o trecho de Hahnemann (séc. XIX) e o trecho atual, percebe-se que muitos dos sintomas dos dois textos se equivalem, porém, a descrição de Hahnemann é muito mais pormenorizada, rica em detalhes, levando em consideração a subjetividade, as sensações vividas durante a experimentação e que, obviamente, só poderiam ser descritas por ele.
Para a medicina convencional importam os sintomas e sinais descritos objetivamente com a intenção de encaixá-los em alguma síndrome conhecida e, a partir daí, descobrir a etiologia (fator que causou o problema).
O médico convencional busca coletar alguns dados do doente que apontem para uma causa dentre as inúmeras possíveis. Partindo do todo (o doente) chega na parte (a doença). Este raciocínio é chamado de reducionista.
O médico Homeopata busca, além das alterações físicas do doente, outros sinais e sintomas que caracterizem aquela pessoa em sua totalidade. Das partes (sintomas) chega no todo (o doente). Este raciocínio é chamado sintético.
A Homeopatia segue este raciocínio, pois só descobrindo a totalidade sintomática do doente (e não apenas da doença) é que se encontrará o medicamento mais semelhante possível para alcançar a cura.
Outra grande diferença entre o pensamento homeopático e o da medicina convencional quanto à função do médico. Um tratado de semiologia (Porto) de uso comum nas faculdades de medicina expõe:
“… qual seria a preocupação fundamental do médico? É o diagnóstico. Pois lhe será possível atender aos dois outros (terapêutica e prognóstico)”.
Hahnemann mostra sua visão sobre o tema no primeiro parágrafo do Organon:
“A única e suprema missão do médico é restabelecer a saúde, que
é o que se chama curar…”.
Logicamente, o médico homeopata também se preocupa em diagnosticar as enfermidades de seus doentes, porém a terapêutica não está presa ao diagnóstico da doença (da entidade nosológica). O médico convencional, no entanto, fica de mãos atadas enquanto não descobre o nome da doença do paciente.
Toda ciência e arte da Homeopatia estão voltadas para a busca do medicamento mais semelhante à totalidade da pessoa que se quer curar.
As grandes diferenças entre as racionalidades homeopática e convencional podem ser explicadas pelas visões que cada uma tem acerca de saúde, doença e cura.
A visão da Homeopatia é dada pelos parágrafos 9 e 19 do Organon.
Parágrafo 9. “No estado de saúde, a energia vital imaterial que dinamicamente anima o organismo material, governa de maneira absoluta
e mantém todas as partes do organismo em uma admirável atividade harmônica, tanto em relação às sensações e funções, de modo que o espírito dotado de razão que reside em nós pode empregar livremente estes instrumentos vivos e sãos para os mais altos fins da nossa existência”.
A respeito deste parágrafo, James Tyler Kent, médico homeopata contemporâneo de Hahnemann, disse que é inacreditável como alguém conseguiu dizer tanto em tão poucas linhas.
O parágrafo 9 descreve o que é a saúde para a Homeopatia: um equilíbrio dinâmico (sujeito a oscilações), mantido pela energia vital, que é a parte imaterial dos seres vivos. Para Hahnemann, a saúde está intimamente ligada aos objetivos de vida, à capacidade criativa do homem. A saúde não pode ser um fim, mas um meio. Dizemos que um tratamento verdadeiro visa a cura do doente por inteiro, ou seja, todas as esferas da vida da pessoa (desde o mental até o físico).
O conceito de saúde atual, ditado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é “estado de bem-estar físico, mental, social e espiritual”. Ainda que tal conceito supere a antiga visão de saúde como ausência de doença e considere outras dimensões do ser humano, ele continua defendendo uma visão estática de saúde.
Para a Homeopatia, a saúde está sujeita a flutuações, a interferências saudáveis, que podem até levar a um mal-estar momentâneo, mas que não comprometem a capacidade criativa do sujeito. A saúde seria então um meio para se atingir os fins da existência, não um fim em si mesma.
O parágrafo 19 do Organon diz:
“As enfermidades não são mais do que alterações do estado de saúde
do indivíduo que se manifestam por sinais mórbidos. A cura só é possível
por uma volta ao estado de saúde do indivíduo enfermo. Então é evidente que os medicamentos nunca poderiam curar as enfermidades se não
possuíssem o poder de alterar o estado de saúde do homem”.
A enfermidade, em sua totalidade, pode ser conhecida através de sinais. E deve ser conhecida integralmente. Não apenas a alteração física deve ser considerada como enfermidade, mas todos os sinais que constituem aquele desequilíbrio individual. Cada pessoa tem a sua forma de adoecer. A entidade nosológica (ou seja, o nome da doença) apenas parte de um universo que é a pessoa doente. Se quisermos alcançar uma cura completa não podemos nos ater apenas a uma parte da enfermidade.
Curar é promover um retorno ao estado de saúde (equilíbrio dinâmico). Ora, o que mantém a saúde de nosso organismo é a energia vital, portanto, o medicamento que promoverá a cura precisa ser capaz de afetar (influenciar) esta energia. Hahnemann recomenda o método da “experimentação no homem são” para descobrir de que maneira uma substância afeta a energia vital.
![](https://escolaterapiasintegrativas.com/wp-content/uploads/2025/01/Imagem3.webp)