
Curso Constelação Familiar Sistêmica
A CONSTELAÇÃO E SUAS ORDENS
A CONSTELAÇÃO FAMILIAR NÃO É UMA PRÁTICA TERAPÊUTICA DESESTRUTURADA
Como dissemos mais acima, a ignorância sobre como funciona a Constelação Familiar leva muita gente a achar que se trata de algo sem fundamento. No entanto, queremos iniciar esse texto afirmando que esse não é o caso. Apesar de não existir uma faculdade que ensine a Constelação Familiar enquanto ciência, isso não significa que a prática deva ser desconsiderada.
Se assim fosse, o Sistema Único de Saúde e hospitais super conceituados não adotariam a Constelação como prática integrativa. Já que instituições tão importantes estão aceitando a bagagem que os consteladores têm para oferecer, sugerimos que você também abra espaço. Entenda como a terapia funciona! Obviamente, os tratamentos são feitos de acordo com um embasamento teórico. Neste texto, você vai ter acesso a um pedaço dessa teoria.
Bert Hellinger
Apesar de hoje falarmos sobre uma parte da teoria da Constelação, vamos falar pouco mais de Bert Hellinger. Trata-se do pai da Constelação. Ele foi responsável por escrever e discutir vários conceitos sobre os relacionamentos humanos. Ainda que atualmente vários consteladores tenham ganhado notoriedade por seu trabalho no Brasil e no mundo, os fundamentos teóricos que embasam a prática vêm de Hellinger.
De acordo com ele, nós estamos muito mais ligados à nossa família do que imaginamos. Muita gente acha que para ser próximo de algum familiar, é necessário morar com essa pessoa. Assim, pais e irmãos têm muito mais poder de influência que primos e tios. No entanto, para Hellinger, a árvore genealógica de uma família guarda relações mais profundas. Isso diz respeito tanto a pessoas que estão vivas hoje quanto a outras que já morreram há anos.
Isso acontece porque as ações que cada um de nós comete reverberam na vida de nossos familiares.
Dessa forma, um problema de relacionamento que seu pai e o pai dele não conseguiram resolver pode acabar trazendo problemas para como você mesmo se relaciona com o seu genitor. Aqui é que faz sentido falar nas ordens do amor, isto é, regulamentações para que nossos relacionamentos sejam equilibrados.
Entenda a razão para escolher a nomenclatura “ordens” para falar de relacionamento
Bom, chegando aqui, você pode não saber muito bem por que a Constelação Familiar lida com ordens. Para quem é leigo, o termo ‘ordem’ significa “relação estabelecida entre elementos”, não é mesmo? Quando nos pedem para fazer uma fila, por exemplo, temos aí uma maneira de ordenar pessoas, da primeira que chegou para a última.
No que tange as ordens da Constelação Familiar, esse conceito que a gente já tem ainda faz sentido.
Para introduzir como esse termo ganha uma outra leitura na Constelação traremos uma citação do próprio Hellinger. Veja o que ele diz sobre o amor mais abaixo:
“Para que o amor dê certo, é preciso que exista alguma outra coisa ao lado dele. É necessário que haja o conhecimento e o reconhecimento de uma ordem oculta do amor.”
Tendo em vista o que Bert Hellinger diz, fica pressuposto que há algum tipo de ordem que nós precisamos respeitar na hora de amar.
No entanto, será que isso significa que há pessoas que são mais importantes do que as outras?
Será que quem chegou primeiro está na frente da fila do amor enquanto as pessoas que estão chegando agora não merecem um amor igualmente forte?
São perguntas legítimas, que nós respondemos mais abaixo.
Conheça as 3 ordens da Constelação Familiar, também conhecidas como Ordens do Amor
A ORDEM DA PERTINÊNCIA OU PERTENCIMENTO
De fato, existe uma ordem que precisamos na hora de amar. No entanto, ela não diz respeito a uma intensidade de sentimento. Estamos falando sobre uma consciência sobre o que deve existir em nossos relacionamentos para que eles sejam de fato amorosos.
Agora já falando sobre as ordens da constelação, apresentamos a primeira delas, que é a ordem do pertencimento. De acordo com essa maneira de ordenar os relacionamentos, por assim dizer, algo que nós não podemos fazer é excluir um membro legítimo de uma família. Se você lê materiais escritos por consteladores, sabe que o termo ‘família’ muitas vezes também é conhecido como ‘sistema’.
Tendo isso em vista, todos os membros de um sistema têm o direito genuíno de continuar pertencendo a esse sistema. Isso independentemente de seu caráter ou atitudes. Assim, um pai que abandona o filho pequeno continua fazendo parte do sistema dessa criança. Mesmo que ela cresça e se torne adulta.
O perigo de excluir
Nessa conjuntura, considera-se especialmente o sistema em que uma pessoa é excluída do sistema. Isso pode ocorrer voluntária ou involuntariamente. Estamos falando de um filho que é expulso de casa ou um membro familiar com quem os demais não conversam.
Como falamos mais acima, cortes feitos em um determinado momento podem acabar reverberando em decisões similares no futuro de alguém que nem está vivo hoje. Tome como exemplo o pai que foi expulso de casa pela família quando era pequeno e acaba fazendo a mesma coisa com um filho rebelde.
A ORDEM DO EQUILÍBRIO
No que diz respeito a como funcionam as ordens do amor, não podemos deixar de considerar também a ordem do equilíbrio.
Contudo, aqui esse equilíbrio está intrinsecamente associado a dois conceitos específicos. Trata-se do ‘dar’ e do ‘receber’ que, por sua vez, são conhecidos por nós por meio de uma única palavra: reciprocidade.
Para Hellinger, os relacionamentos familiares dentro de um sistema devem dar e receber seguindo uma hierarquia. Ou seja, quem vem antes tem mais condições de dar do que aqueles que estão chegando. Tomemos como exemplo os pais. Quando um bebê chega ao mundo, vem completamente indefeso e precisa de muito cuidado. De acordo com a hierarquia, os pais se doam mais.
Ainda que a proporção dessa doação mude com o tempo, a ordem não pode ser revertida. Falamos isso pensando em pais que por achar que se doaram demais, cobram dos filhos um posicionamento semelhante a ponto de sufocar. Nesse contexto, há um desequilíbrio entre aquele que dá e aquele que recebe, o que pode ter consequências muito negativas para quem chega depois no sistema.
A ORDEM DA HIERARQUIA
Por fim, ainda abordando o que são ordens para a Constelação, trazemos para você o que é a ordem da hierarquia. Intuitivamente, você já deve saber o que é um sistema hierárquico, Trata-se daquele que dá mais poder para quem chegou primeiro. É praticamente isso que a hierarquia significa dentro da Constelação Familiar. Quem vem antes tem prioridade sobre quem chega depois.
Trazemos um exemplo clássico sobre como um sistema pode ser prejudicado pelo desrespeito à ordem da hierarquia. É a chegada de um bebê, geralmente vista com tanto carinho e expectativa. Ainda que o filho seja a pessoa que mais precisa de cuidado dentro da relação, o relacionamento entre os pais deve receber prioridade de alguma maneira. O pai chegou antes que o bebê na vida da mãe e vice-versa.
Uma vez que isso não é respeitado à medida em que a criança cresce, problemas de relacionamento sérios podem continuar reverberando no sistema. Assim, é importante tomar o cuidado de zelar por quem já estava na sua vida. Isso não significa que você deixará de cuidar de seu filho. A Constelação apenas sugere que você aprenda a atribuir prioridade de uma maneira que não deixe ninguém de fora.
Durante o atendimento em Constelação Familiar algumas frases são ditas. Elas ajudam a liberar emaranhamentos do sistema e auxiliam o cliente a ver a raiz das suas dificuldades.
Se você já participou de um atendimento em Constelação Familiar, sabe que durante o processo é comum que algumas frases sejam sugeridas pelo facilitador ou surjam espontaneamente dos representantes.
Estas frases da Constelação Familiar apresentam em si um caminho de solução para a questão, auxiliando o cliente a reconhecer o que afeta e atua em sua vida.
Para quem não conhece a Constelação Familiar e não conhece a experiência em grupo, vale saber que essas frases são sugeridas pelo facilitador para serem ditas pelos representantes que participam da dinâmica do tema trazido.
Em resumo, estas frases não são fixas – em alguns atendimentos pode sequer ser necessário a utilização de frases – mas ainda assim é uma ferramenta que comumente auxilia na verificação da origem do emaranhamento familiar no qual o cliente está envolvido.
As frases também sofrem adaptações em cada caso abordado. Esse é um dos preceitos mais importante da Constelação Familiar: cada caso é único.
Ainda assim, é possível perceber que certas dinâmicas ocorrem com mais frequência. E é sobre frases que se aplicam a estas dinâmicas que descrevemos agora.
Como funciona um atendimento em Constelação Familiar?
O atendimento pode ser realizado em grupo, nos workshops, ou individualmente com auxílio de bonecos e figuras. O cliente traz a sua questão que gostaria de olhar através das Constelações Familiares.
A questão é algo que dói. Não no sentido da dor física – embora isso seja uma possibilidade na constelação de sintomas, por exemplo – mas uma dor emocional. Ou como falamos, uma dor na alma.
Bem conectado com essa questão, o cliente e o facilitador no trabalho em grupo buscam representantes para alguns relacionamentos chaves. Sempre com foco naquilo que influencia o tema: pai, mãe, filhos, companheiro(a), etc.
Os representantes, seguindo as sensações e emoções que surgem em seu corpo, se movimentam.
Nesta movimentação, novas imagens se mostram e apresentam o que está na base da questão do cliente.
Pode ser um afrontamento entre pai e filho. Um parceiro afetivo da mãe ou do pai de um relacionamento anterior. A perda de um filho ou uma exclusão familiar. Uma história trágica que ficou esquecida. Como gostamos de frisar, cada história é única, e elencamos aqui somente exemplos para fins didáticos.