Curso Constelação Familiar Sistêmica

A CONSTELAÇÃO SISTÊMICA FAMILIAR

A CONSTELAÇÃO SISTÊMICA FAMILIAR

 

Sobre as consciências

O QUE FICA E O QUE PARTE

A constelação familiar espiritual

O QUE FICA

Tudo aquilo que fica, fica por um tempo. Muitas vezes, nos alegramos que fique porque nos faz bem e nos presenteia com algo.

Por isso, nos alegramos quando as pessoas que amamos ficam, e nos alegramos com um sucesso que fica.

Contudo, ninguém e nada permanecem por si mesmo. Nós mesmos precisamos fazer algo para que fique. Fica, se fizermos algo com ele. Curiosamente, fica por mais tempo se o multiplicamos. Permanece, quando algo é acrescentado continuamente. Por isso, o que fica está simultaneamente em movimento.

Permanece, se nós também expandirmos com ele. Assim, uma árvore permanece enquanto cresce. Assim, o amor permanece enquanto cresce, enquanto continua dando mais e recebendo mais.

O que acontece com aquilo que parte? Parte porque terminou, porque não cresce e não se expande mais. Parte, porque precisa ceder espaço ao novo que se expande.

Assim também acontece com aquilo que ainda permanece, porque ainda está crescendo. Aquilo que fica termina no momento em que não cresce mais.

O que acontece com o espírito? O que acontece com o movimento do espírito? Ele sempre fica porque não chega a nenhum fim.

O movimento do espírito também deixa algo para trás por continuar infinitamente? Ou inclui o anterior no movimento seguinte de modo que continue dentro dele, de uma nova maneira? Por isso, o que fica agora também parte após um tempo para que fique de uma outra forma. Permanece, na medida em que caminha para frente.

A DIFERENCIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA

As diferentes consciências são campos espirituais. A primeira delas, a consciência pessoal, é estreita e tem o seu alcance limitado. Através de sua diferenciação entre o bom e o mau reconhece o pertencer só de alguns e exclui outros.

A segunda, a consciência coletiva, é mais ampla. Também defende os interesses dos que foram excluídos pela consciência pessoal. Por isso, está frequentemente em conflito com a consciência pessoal. Contudo, essa consciência também tem um limite porque abrange somente os membros dos grupos que dependem dela.

A terceira, a consciência espiritual, supera os limites das outras consciências que colocam limites através da diferenciação entre bom e mau e da diferenciação entre pertencimento e exclusão.

A CONSCIÊNCIA PESSOAL

O vínculo

Vivenciamos essa consciência estreita como boa e má consciência. Sentimo-nos bem quando temos boa consciência e mal quando temos má consciência.

O que acontece quando temos uma boa consciência e o que acontece quando temos uma má consciência? O que precede à boa e à má consciência para que sintamos uma boa ou uma má consciência?

Se observarmos exatamente, quando temos uma boa consciência e quando temos uma má consciência, podemos perceber que ficamos com má consciência quando pensamos, sentimos e fazemos algo que não está em sintonia com as expectativas e as exigências das pessoas e grupos aos quais queremos pertencer e que frequentemente também precisamos pertencer.

Isso significa que nossa consciência vela para que fiquemos conectados com essas pessoas e grupos. Percebe, de imediato, se nossos pensamentos, desejos e ações colocam em perigo nossa ligação e nosso pertencer a essas pessoas e grupos.

Quando a nossa consciência percebe que nos afastamos dessas pessoas e grupos através de nossos pensamentos, sentimentos e ações, ela reage com o sentimento de medo de perdermos nossa ligação com essas pessoas e grupos. Sentimos esse medo como má consciência.

Inversamente, quando pensamos, desejamos e agimos de uma forma que nos movimentamos em sintonia com as expectativas e exigências dessas pessoas e grupos, sentimo-nos pertencentes e temos a certeza de podermos pertencer.

O sentimento de termos assegurado o nosso pertencer, sentimos como benéfico e bom. Não precisamos ficar preocupados de sermos cortados, de repente, por essas pessoas e grupos e nos experimentarmos sós e sem proteção. Sentimos como boa consciência, o sentimento seguro de podermos pertencer.

A consciência pessoal nos liga, portanto, a pessoas e grupos que são importantes para o nosso bem-estar e nossa vida. Contudo, porque essa consciência nos liga somente a determinadas pessoas e grupos e, simultaneamente, exclui outros, é uma consciência estreita.

Essa consciência nos foi de suma importância quando crianças. As crianças fazem de tudo para poderem pertencer, pois sem essa ligação e sem esse direito de pertencer estariam perdidas.

A consciência pessoal assegura nossa sobrevivência junto às pessoas e grupos que são importantes para a mesma. Por isso, a sua importância só pode ser altamente apreciada. Vemos também a importância que a consciência pessoal ocupa na nossa sociedade e cultura.

Bom e mau

Neste contexto podemos observar que as diferenciações que fazemos entre bom e mau são diferenciações dessa consciência. Elas estabelecem em que medida algo assegura o nosso pertencer e em que medida isso o coloca em perigo.

O que assegura o nosso pertencer, vivenciamos como bom. Vivenciamos isso como bom através da boa consciência sem que precisemos refletir muito se é realmente bom quando observado mais exatamente a uma certa distância, ou se isso pode ser até ruim para outros. Aqui o denominado bom é somente sentido, é sentido como algo bom.

Portanto, sentimos e defendemos o bom, de modo irrefletido, como bom, mesmo que para um observador que está fora desse campo espiritual pareça ser algo estranho que coloca mais em perigo a vida de muitos do que a serviço.

Evidentemente que o mesmo é válido para o mau. Contudo, sentimos o mau mais fortemente do que o bom, porque está ligado ao medo de que percamos o pertencer e, ao mesmo tempo, também nosso direito de viver.

A diferenciação do bom e do mau serve, portanto, à sobrevivência dentro do próprio grupo. Serve à sobrevivência do indivíduo no seu grupo.

A CONSCIÊNCIA COLETIVA

Atrás da consciência que sentimos ainda atua uma outra consciência.

É uma consciência poderosa muito mais forte no seu efeito do que a consciência pessoal. Entretanto, em nossos sentimentos nos é relativamente inconsciente. Por quê? Porque nos nossos sentimentos a consciência pessoal tem precedência em relação a essa consciência.

A consciência coletiva é uma consciência grupal. Enquanto que a consciência pessoal é sentida por cada indivíduo e está a serviço do seu pertencer e da sua sobrevivência pessoal, a consciência coletiva tem em seu campo de visão a família e o grupo como um todo. Está a serviço da sobrevivência do grupo inteiro, mesmo que para isso alguns precisem ser sacrificados. Está a serviço da totalidade desse grupo e das ordens que asseguram a sua sobrevivência da melhor forma possível.

Quando o interesse de cada indivíduo se contrapõe ao interesse de seu grupo, a consciência pessoal também se contrapõe à consciência coletiva.

A totalidade

A consciência coletiva está a serviço de que ordens, e como as impõe?

A primeira ordem, a qual essa consciência serve, é: todo membro de uma família tem o mesmo direito de pertencer.

Se um membro for excluído, não importam quais sejam os motivos, mais tarde, um outro membro precisa representar a pessoa excluída.

A consciência coletiva se mostra, comparada à consciência pessoal como imoral ou amoral. Isso significa que não diferencia entre bom e mau nem entre culpado e inocente. Por outro lado, protege todos da mesma forma. Quer proteger o seu direito de pertencer ou restabelecê-lo se isso lhe for negado.

O que acontece quando esse direito é negado a um membro familiar? De certa forma, ele é reconduzido ao grupo por essa consciência, na medida em que outro membro dentro da família precisa representá-lo, sem que esteja consciente disso.

Como essa volta se mostra? Um outro membro familiar assume o destino da pessoa excluída, representando-a. Ele pensa como essa pessoa excluída, tem sentimentos semelhantes, vive de forma semelhante, fica doente de forma semelhante, até mesmo morre de forma semelhante.

Esse membro familiar está, dessa forma, a serviço da pessoa excluída e representa os seus direitos. É apossada, por assim dizer, pela pessoa excluída, entretanto, sem se perder a si mesmo. Quando a pessoa excluída recupera o seu lugar, esse membro familiar se libera dessa pessoa.

Não é que a pessoa excluída queira que seja representada dessa forma, embora isso também aconteça algumas vezes, se ela deseja algo de mau para alguém da família. Em primeira instância, é essa consciência que atua e deseja a representação e o emaranhamento. Ela quer reestabelecer a totalidade do grupo.

O instinto

Aqui, existe o perigo que nós imaginemos essa consciência como uma pessoa, como se ela tivesse metas pessoais e as seguisse após reflexões profundas.

Essa consciência atua como um instinto. Um instinto grupal que quer somente uma coisa: salvar e reestabelecer a totalidade. Por isso é cego na escolha de seus meios.

O pertencimento para além da morte

Podemos reconhecer as pessoas que são influenciadas e impulsionadas por essa consciência, quando são atraídas ou não para representar membros familiares excluídos. Nesse sentido, precisamos considerar que ninguém perde o seu direito de pertencer através de sua morte. Isso significa que os membros familiares mortos da família são tratados por essa consciência da mesma forma que os vivos.

Ninguém é separado de sua família através de sua morte. Ela abrange igualmente seus membros familiares vivos e mortos. Essa consciência também trazer de volta os membros mortos para a família, se foram excluídos, sim; principalmente estes. Portanto, isso significa que alguém, com efeito, perde a sua vida através de sua morte, contudo nunca o seu pertencimento.

Quem pertence?

Agora está na hora de eu enumerar quem pertence à família que é abrangida e conduzida por uma consciência coletiva comum. Vou começar com os que nos estão mais próximos:

Aos membros familiares que estão sujeitos a essa consciência, pertencem:

  1. Os filhos. Portanto, nós e nossos irmãos e irmãs. Aos nossos irmãos pertencem também os natimortos, também os irmãos que foram abortados e frequentemente também os abortos espontâneos. Justamente aqui existe frequentemente a ideia de que podemos excluí-los. Também fazem parte os filhos que foram ocultos e dados.

Para a consciência coletiva todos eles fazem parte completamente, são lembrados por ela e trazidos de volta à família. Eles são trazidos de volta cegamente, sem levar em consideração justificativas e desejos.

  1. No nível superior aos filhos fazem parte seus pais e seus irmãos biológicos. Aqui também todos seus irmãos e irmãs, como eu já enumerei antes para os filhos.

Também os parceiros anteriores dos pais fazem parte. Se são rejeitados ou excluídos, mesmo que estejam mortos, serão representados por um dos filhos, até que sejam lembrados e reconduzidos à família com amor.

Só o amor libera

Agora gostaria de interromper a enumeração e falar como os excluídos podem ser trazidos de volta. Só o amor é capaz disso.

Que amor? O amor preenchido. Ele é sentido como dedicação ao outro, como ele é. Ele é também sentido como luto pela perda. É sentido especialmente como dor por aquilo que porventura fizemos de mal para o outro.

Sentimos também se esse amor alcança o outro, se o reconcilia, se o deixa em paz, se ele assume o seu lugar, permanecendo nele. Então essa consciência coletiva também encontra a paz.

Aqui nós vemos que essa consciência está a serviço do amor, a serviço do mesmo amor por todos que fazem parte dessa família.

Quem pertence ainda à família?

Agora vou continuar com a enumeração de quem pertence à família, porque eles também são abrangidos e protegidos por essa consciência.

  1. No próximo nível superior fazem parte os avós, mas sem seus irmãos, a não ser que eles tenham tido um destino especial. Os parceiros anteriores dos avós também fazem parte.
  2. Também fazem parte um ou outro das bisavós, mas isso é raro.

Até agora enumerei sobretudo os parentes consanguíneos, e ainda os parceiros anteriores dos pais e dos avós.

  1. Além disso, também faz parte de nossa família aqueles que através de sua morte ou destino, a família teve uma vantagem.

Por exemplo, através de uma herança considerável. Também fazem parte aqueles que a custa de sua saúde e vida a família enriqueceu.

  1. Nesse contexto fazem parte de nossa família também aqueles que foram vítimas de atos violentos através de membros de nossa família, especialmente aqueles que foram assassinados. A família precisa olhar também para eles, com amor e dor.
  2. Por último, algo que para alguns pode ser um desafio. Se membros de nossa família foram vítimas de crimes, principalmente se perderam a vida, os assassinos também fazem parte de nossa família. Se foram excluídos ou rejeitados, serão também representados por membros familiares sob a pressão da consciência coletiva.

Talvez possa aqui chamar a atenção de que tantos os assassinos se sentem atraídos para suas vítimas como também as vítimas para seus assassinos. Ambos se sentem totalmente inteiros quando se encontram. A consciência coletiva também não faz diferenciações aqui.