
Curso Constelação Familiar Sistêmica
AS LINHAS DO TEMPO
AS LINHAS DO TEMPO
Há muitas décadas vários autores de ficção científica veem deliciando seus leitores com histórias sobre viagens pelo tempo. O cinema e a TV já nos apresentaram filmes e seriados que vêm mexendo com a imaginação e aguçando as esperanças fantasiosas de duas gerações.
Muita gente já quis mudar sua história, modificar seu passado e criar um futuro feito sob medida. Refugiando-se nas páginas e nas telas coloridas, esperam pela máquina de seus sonhos. Um artefato tecnológico ou uma caixa mágica que mude sua vida. Não importa.
O que a maioria das pessoas não sabe é que cada um de nós possui sua própria máquina interna do tempo. Uma máquina que pode nos permitir mudar o passado e criar um futuro grandioso. Sem tecnologia nem chips quânticos. Que já vem instalada e ligada. Mas que só mais recentemente seus comandos foram descobertos. Seu software se vale de um programa básico chamado “linha do tempo”.
A linha do tempo é uma estrutura subjetiva que você usa para guardar sua história passada e registrar o que você hoje já tem de história futura – seus projetos e objetivos conscientes e os eventos inconscientes já decididos. Na realidade, isto quer dizer que a linha do tempo é certo “local” onde suas memórias estão guardadas antes de você pensar sobre elas. Fisiologicamente, suas memórias estão armazenadas por toda sua neurologia. Mentalmente, elas estão organizadas ao longo de sua linha do tempo, em direções e sentidos que com frequência partem de seu corpo para o espaço à sua volta.
Você já ouviu pessoas dizendo “Tenho um futuro brilhante à minha frente” ou “O tempo está ao meu lado”. Não são frases de retórica. São experiências concretas. Quando você pergunta a uma pessoa “Se eu pedisse para você apontar a direção do seu passado, que direção você apontaria?”, ela poderá apontar com o dedo para alguma direção à volta de seu corpo. Da mesma forma, se a pergunta é para apontar a direção do futuro, ela provavelmente irá apontar outra direção à sua volta. A maioria das pessoas é capaz de fazer isso. A união dessas duas direções numa linha é o que chamamos de linha do tempo.

A linha do tempo é uma representação mental. Quando você pensa em algo do seu passado, essa memória sai de seu “lugar” na linha do tempo, o lugar onde ela é mantida em algum ponto à sua volta e vem para aquele lugar que muitos chamam de tela mental.
Vem para o espaço de sua mente onde você vê ou imagina seu pensamento, ouve seus sons e palavras e sente as sensações e emoções. O mesmo acontece em relação ao seu futuro. Um objetivo ou algo que você pensa que vá acontecer desloca-se da linha e vai para sua tela mental. É na tela mental que você tem consciência do que está pensando. Enquanto as memórias estão na linha do tempo e você está no aqui e no agora, elas estão inconscientes.
Cada pessoa possui suas direções para o passado e para o futuro, e elas variam de pessoa para pessoa. Existe um número enorme de tipos de linhas do tempo.
No entanto, dois tipos clássicos de organização do tempo têm características peculiares. São as linhas denominadas “No tempo” e “Através do tempo”. De maneira bem interessante, cada linha define um tipo de personalidade ou de padrões comportamentais.
Pessoas com linha clássica No tempo têm a linha do futuro bem à sua frente e o passado atrás de si, com o agora posicionado dentro do corpo. É uma linha única que vai do passado, localizado atrás do corpo, ao futuro, situado à sua frente.
Pessoas com linhas no tempo tipicamente vivem os momentos daqui e do agora. Elas estão dentro da corrente do tempo. Não se interessam muito pelo futuro e o passado é algo que já passou, ficou para trás, literalmente.
Normalmente impontuais e avessas a planejamentos, preferem lidar com a vida do modo com que ela vai se apresentando. Sua tendência é se adaptarem ao ambiente e às circunstâncias. Se você já encontrou alguém que faz várias coisas ao mesmo tempo e se sente confortável com isso, você está diante de alguém no tempo.
A linha clássica Através do tempo é uma linha horizontal, totalmente à frente dos olhos da pessoa. O futuro está de um lado, o passado de outro e o agora à sua frente.
Pessoas com linhas Através do tempo vivem fora da corrente do tempo.
Com os acontecimentos guardados à sua frente, elas vão com facilidade do passado ao futuro. Tendem a viver menos intensamente os sentimentos e as sensações. São mentalmente observadoras das coisas que estão acontecendo com elas, e por isso tendem a parecer mais frias e distantes das outras pessoas. Criam um ambiente em torno de si que seja estruturado, agendado, planejado e controlado. Para elas, situações indefinidas ou ambíguas são condições mais difíceis de lidar. Uma agenda é sempre um presente bem recebido por quem é Através do tempo.
A maioria dos brasileiros é no tempo, especialmente a esmagadora maioria das regiões centrais, norte e nordeste. E agora você entende por que a maioria dos brasileiros deixam suas coisas para última hora, inclusive a entrega da declaração do Imposto de Renda.
Para os No tempo, o futuro é algo bem impreciso, e acontece daqui a pouco. Eles têm pouca visão de futuro a longo prazo. Você poderá encontrar um número um pouco maior de pessoas Através do tempo na Região Sul do país, de educação mais europeia.
É ao longo das linhas do tempo, particularmente na direção do passado, que as pessoas vão encontrar as causas raízes de seus problemas.
Localizadas precisamente em certos pontos ao longo do contínuo do passado, as memórias que nós chamamos de causas raízes das várias emoções e das várias crenças limitantes que empobrecem suas vidas, estão aguardando por um aprendizado que as liberte.

DUALIDADE DO SER HUMANO
DUALIDADE DO SER HUMANO LUZ E SOMBRAS
Uma das maiores falhas da psicologia pós-moderna, que começou como um estudo do Espírito (psique) foi seu divórcio da espiritualidade. Curiosamente, uma das maiores falhas da espiritualidade pós-moderna tornou-se seu divórcio da psicologia.
Essas duas disciplinas interdependentes, em virtude de seus imperativos individuais e muito em nossa desvantagem, tornaram-se justapostas uma à outra no extremo – escuridão (psicologia) e luz (espiritualidade).

A psicologia ocidental muitas vezes começa com a premissa de que estamos doentes, de que há algo “errado” conosco. Por causa da imposição inadequada do modelo médico e, por associação, do modelo de doença sobre a prática psicoterapêutica, partimos de um lugar que assume que somos coisas quebradas que precisam ser consertadas, como oposição a indivíduos fundamentalmente saudáveis que enfrentam desafios para os quais ainda não estamos preparados.
Em contraste, a espiritualidade pós-moderna da Nova Era geralmente começa com a premissa de que tudo é doçura, luz, graça e anjos.
Existe dentro dessa arena e de todas as disciplinas que a acompanham um imperativo quase autoconsciente de evitar a escuridão, concentrando-se apenas na luz.
É de vital importância entender cada uma dessas disciplinas em contraste com a outra. Uma compreensão da espiritualidade é fundamental para a compreensão da psicologia e vice-versa, pois não são duas coisas, mas sim algo que caiu na dualidade onipresente de nossa cultura de oposição.
Todas as coisas existem em equilíbrio. Para que uma coisa seja, seu espelho (não seu oposto) também deve estar presente. A construção da dualidade, a divisão das coisas em dois elementos separados, mas não relacionados, e a noção dependente de que essas duas coisas devem estar em oposição uma à outra é – como Buda e Joseph Campbell costumavam apontar – uma – legado mítico que nos atormenta mais do que qualquer outra coisa. Em vez de criar equilíbrio, um estado natural, a construção da dualidade nos força a criar desequilíbrio. Quer estejamos falando de espiritualidade ou psicologia, acabamos rejeitando partes de nós mesmos, nossa comunidade, nossa cultura e nosso mundo.
É absolutamente necessário buscar a luz na escuridão e reconhecer a escuridão na luz. Essa noção está no coração do Tao e é uma construção dinâmica. Um erro profundo que cometemos no Ocidente é ver o símbolo Yin/Yang como estático. Ao discutir as origens do Feng Shui e do I-Ching, descobrimos que o Yin/Yang está, de fato, em movimento – constantemente mesclando e equilibrando, não separando – escuridão e luz. Para nos tornarmos verdadeiramente inteiros – corpo, mente, alma e espírito, egocentricamente, etnocentricamente e geocentricamente – precisamos buscar exatamente isso e sujar as mãos no processo.
Até esse ponto, o que permanece não expresso dentro de você?
Arquétipos, Neuroses e Modelos de Comportamento, a Sombra é aquela parte de nós mesmos que rejeitamos; um exemplo perfeito é que se você se identifica como um democrata, o libertário, republicano e independente habita em sua sombra – mas assim que você reclama de seus impostos, seu republicano sangra em seu democrata. Pense nisso.
Então, o que você rejeitou?
Considere-o seriamente porque esta questão está no centro da auto indagação; o que rejeitamos em nós mesmos é o motor que nos impulsiona tanto quanto aquilo que aceitamos em nós mesmos. E o que rejeitamos, porque não está integrado em quem somos, mas negado, geralmente é o que sai de lado.
O viciado em sexo é movido por questões de sua própria sexualidade.
O alcoólatra ou viciado está fugindo de algo que não pode ou não quer enfrentar. O viciado em jogo encontra consolo no risco e na recompensa. O depressivo teme sua raiva. O indivíduo ansioso teme o desconhecido. O narcisista odeia a si mesmo. O opressor despreza a fraqueza em si mesmo. A partir desta perspectiva, a lista é interminável.
Cavando na terra, sujando as mãos, olhando para a escuridão, encontramos a luz. Afirmamos quem somos em virtude de quem ou do que não somos. Esta é a essência de possuir a própria sombra. É um exercício necessário que traz as disciplinas de psicologia e espiritualidade de volta à mesma arena e, ao devolver o equilíbrio ao construto, nos dá a oportunidade de trazer equilíbrio à nossa própria paisagem interior, promovendo nossa evolução pessoal em um ser inteiro, maximizando nosso potencial humano.
“Aquilo que não trazemos à consciência aparece em nossas vidas como destino.” (Carl Jung)
“A sombra tem muitos nomes familiares: o eu renegado, o eu inferior, o gêmeo ou irmão escuro na Bíblia e no mito, o duplo, eu reprimido, alter ego, id. Quando ficamos cara a cara com nosso lado mais sombrio, usamos metáforas para descrever esses encontros sombrios: encontrar nossos demônios, lutar com o diabo, descer ao submundo, noite escura da alma, crise da meia-idade.” (Connie Zweig, Conhecendo a Sombra)
Embora Jung seja conhecido por trazer o conceito de sombra à consciência pública nos dias modernos, esse aspecto de nós mesmos há muito é reconhecido como uma característica onipresente dos seres humanos.
Em 1886, antes de Jung deixar sua marca, Robert Louis Stevenson criou a agora famosa história do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde.
Em sua história, o Dr. Jekyll representa a parte respeitável da personalidade de alguém, mas quando ele se transforma no Sr. Hyde, sua personalidade sombria ganha domínio sobre ele e destrói sua vida.
Embora a sombra seja uma parte inata do ser humano, a grande maioria de nós é voluntariamente cega em relação à sua existência. Escondemos nossas qualidades negativas, não apenas dos outros, mas de nós mesmos. Para fazer isso, muitas vezes criticamos e condenamos os outros para garantir que nosso foco não recaia em nossas próprias falhas e tendências destrutivas. Passamos a vida com um falso ar de superioridade moral e uma crença de que, enquanto os outros agem de forma imoral e destrutiva, nós mesmos somos totalmente virtuosos e sempre certos.
“Infelizmente não pode haver dúvida de que o homem é, em geral, menos bom do que imagina ou quer ser. Todo mundo carrega uma sombra, e quanto menos ela está incorporada na vida consciente do indivíduo, mais negra e densa ela é. Em todos os aspectos, forma um obstáculo inconsciente, frustrando nossas intenções mais bem intencionadas.” (Carl Jung).