Curso Constelação Familiar Sistêmica

CONSTELAÇÕES FAMILIARES COM FIGURAS

CONSTELAÇÕES FAMILIARES COM FIGURAS

As Constelações Familiares com figuras vêm de encontro a facilitar o trabalho terapêutico quando da dificuldade de se vivenciar as Constelações Familiares em um grupo, transformando-se em uma ferramenta grandemente contributiva no trabalho terapêutico.

Na terapia de Constelações Familiares podemos observar cinco partes: na primeira parte o tema é definido junto ao cliente; na segunda, o cliente entra em contato, ou presentifica, suas imagens internas, ou seja, estabelece a conexão vibratória com o tema; na terceira, temos a escolha dos representantes, sejam eles bonecos, ancoras ou pessoas; na quarta, o movimento ou posicionamento dos bonecos ou representantes na Constelação e por último, as frases de solução por meio das quais, na Hellinger Sciencia®, podem ser observados os movimentos em direção à solução.

O que você busca? Qual é o seu tema? Qual é um bom resultado para você?

Assim como nas Constelações Familiares em grupo, nas Constelações Familiares com figuras ou bonecos é importante acompanhar o cliente no contato com seu tema. Nesse momento, o momento em que o cliente busca ajuda, o cliente já iniciou seu contato com seus diversos meios internos, o contato com as suas mais diversas conexões relacionais e com isso, se inicia a força do trabalho.

Na especificação do tema, o terapeuta pode acompanhar o cliente a encontrar o ponto especial da sua busca. O cliente vem em busca de algo mágico e cheio de ideias, ideias autorreferentes que não resolveram suas questões, ideias confusas sobre o seu “tema” ou ideias preconceituosas contra si e sua família. Ideias contaminadas sobre a causa e sobre a solução, porém, se as ideias determinassem as soluções, já se teria resolvido o problema.

O que é essencial saber sobre o tema? O terapeuta vai ajudar o cliente a entrar em contato mais organizadamente com sua busca.

Geralmente os clientes se apresentam com uma visão muito generalista de tudo, sentem-se infelizes e querem a felicidade, não observam como tudo está interligado e que, apesar dessa interligação, cada conexão é somente uma pequena conexão. Cada conexão está ligada a uma dinâmica, a uma questão, um colapso de ondas no aqui/agora, naquele segundo, daquela questão, naquele momento, naquela conexão, naquela dinâmica.

Tudo está interligado e em constante movimento, em constante processo a cada segundo. A cada segundo, uma experimentação e uma conexão são estabelecidas e no próximo segundo, tudo já mudou, já não é mais o mesmo. A mudança é automática no processo. Ao ser trabalhada aquela conexão interativa, a interação já não é mais a mesma, ocorre uma mudança imediata, no tempo real, no tempo de vida, no tempo vivencial. Aquela conexão com aquela situação ou pessoa, aquela forma conectiva com aquilo, naquele momento, já mudou. Mudando a percepção, muda-se por consequência imediata toda a cadeia conectada, tudo imediatamente se altera e naquela fração de tempo, naquele segundo da conexão com aquilo que se está vinculado, ocorre a mudança e um grande efeito. É um grande trabalho em um pequeno tempo, o que prende, se solta e se liberta. No trabalho de uma pequena conexão, tem- se uma grande repercussão.

A definição e escolha do tema e o contato do cliente com suas imagens internas, neste específico tema, irão gerar a força da Constelação. A força da conexão e do contato do cliente com sua busca é o que vai dar força à Constelação.

Para o cliente são tantos e possíveis temas, como saber se é este o tema? A resposta a esta questão é: confiando no fenômeno. Naquele dia, naquele momento, aquilo era importante, aquelas perguntas, aquele contato, aquela conexão. Isso é a fenomenologia, e nunca, nunca mais, vai se repetir.

A importância do tema refere-se à observação e procura do emaranhamento sistêmico envolvido na questão.

No trabalho de Constelações Familiares com bonecos a nossa postura é observar, no cliente, o amor ao vínculo. O que o está conectando à sua família? O que o cliente quer fazer de bem com o que ele está fazendo? Onde ele está amando com o que ele está fazendo? O que de bem ele quer alcançar?

Os vínculos de pertencimento sempre estão ligados ao amor. Amor por alguém que não foi honrado adequadamente em gerações anteriores e que se mostra na geração atual através dos sintomas físicos, mentais e emocionais, sensações e impedimentos.

Os emaranhamentos familiares, disfunções de hierarquias, de inclusão e pertencimento ou de equilíbrio, se mostram, muitas vezes através de metáforas. São histórias que foram vivenciadas há duas, três ou mais gerações atrás e que se recontam na atualidade.

Com muita frequência, o sintoma serve para mostrar uma exclusão familiar em seu sistema de pertencimento e isso se mostra nas dinâmicas relacionais familiares.

Nas Constelações Familiares, olhamos para onde o indivíduo está vinculado, ampliamos o olhar e olhamos para a família inteira, para as histórias vividas que permanecem presentes no inconsciente do cliente, como uma forma de fazer parte do seu clã familiar, uma maneira buscada pelo cliente para pertencer.

No casal, olhamos para os dois e para as suas respectivas famílias de origem e vimos que, cada um está agindo da maneira que pode agir, trazendo em si a sua família.

As Constelações Familiares requerem a condição de aceitação do cliente para com seu sistema familiar e qualquer alusão à imagem de “vitimação” ou de “vilão” deve ser alterada. Nosso olhar deve se estender para além disso, para o todo. Não olhamos só para o cliente, olhamos o seu sistema e buscamos nas Ordens do Amor o que é necessário para o cliente sair de um vínculo amoroso cego para uma nova possibilidade vinculativa. Buscamos uma reorganização mais consciente e saudável da conexão amorosa que se estabeleceu fundamentada no amor infantil e nas ideias mágicas.

Nas Constelações Familiares procuramos alterar o padrão de pensamento enraizado na visão de relacionamento complementar caracterizado pela díade “culpado / inocente”, nossa ótica segue o movimento do amor, o que nos leva a localizar em quais vínculos o cliente ama, ama tão cegamente que se coloca a serviço do seu pertencimento na sua comunidade de destino.

As principais questões que apontam na direção da conexão emaranhada no amor e suas dinâmicas relacionais correspondentes podem ser respondidas através das indagações: seus pais tiveram um relacionamento significativo antes do casamento? Ou, seus avós? Houve perdas na família? Abortos, natimortos ou crianças pequenas? Acidentes, suicídios, perdas significativas?

Além dessas, outras questões que referendam onde e a quem o cliente está conectado no amor, podem ser pesquisadas: houve alguma separação entre você e sua mãe na infância? Aconteceu alguma situação importante em sua família quando sua mãe lhe gestava ou, quando você nasceu? Qual é a posição familiar que você ocupa na ordem dos irmãos?

Para a compreensão das lealdades de pertencimento, em busca da vinculação no amor, o terapeuta deve ter conhecimento sobre as principais dinâmicas de emaranhamentos permitindo assim, desenvolver questões adequadas e pertinentes neste momento da entrevista. Mesmo assim, devemos considerar que cada caso é particular e específico.

Após a escolha do tema, o cliente procurará estabelecer contato com suas imagens internas, presentificando suas sensações e nesse contato, na conexão estabelecida entre a consciência do cliente e suas “sensações/emoções”, encontra-se a força da Constelação. Somente quando o cliente estiver neste estado de sintonia com suas questões, ele irá escolher os bonequinhos que lhe forem solicitados, projetando neles suas representações internas”, as representações das suas conexões. Na montagem da Constelação, o posicionamento de um boneco com relação ao outro mostra a representação mental das interações. Cada caso determinará o número de bonecos a ser utilizado.

Os padrões da cognição social são visualizados no espaço mental como construções do pensamento. O indivíduo estabelece uma “coleção de personificações” e a personificação dos membros da família são vistos como partes do indivíduo que está pensando nela. Hellinger utiliza personificações metafóricas para representar a morte, a doença, o país, a herança etc.

Para Derks (2010), a representação governa a interação, todos têm um panorama social em suas mentes e são sensíveis às posições espaciais de pessoas posicionadas no espaço.

Para o autor, existem três níveis de sistemas cognitivos sociais dentro de uma família e todos esses níveis são sistemas de representações sociais interconectadas que influenciam uns aos outros. Derks propõe padrões óbvios de cognição social e familiar, representação de pessoas através da sua localização. As personificações mostram uma tendência a codificar o mundo social no espaço mental caracterizando a distância, o tamanho e a orientação com grande significado social.

Através das posições dos bonecos podemos obter as informações contidas nas suas relações:

– a intensidade dos sentimentos diminui a medida que a distância dos bonecos aumenta; os bonecos que estão juntos e próximos pertencem ao mesmo grupo; quanto mais centralizado o boneco estiver representado, mais importante ele é; um boneco colocado oposto à pessoa, mas fora do círculo íntimo, geralmente indica que há um conflito, dentro do círculo íntimo denotaria afeição; os bonecos que olham em direções distintas (e não olham um para outro) perderam o contato; os bonecos que olham na mesma direção estão em harmonia; os bonecos que estão olhando para as costas de alguém frequentemente estão ‘do mesmo lado’; o tamanho dos bonecos é equivalente a status; os bonecos que querem algo de você, olharão para você; os bonecos que o apoiam ficam atrás; os bonecos que têm um objetivo parecido, ficam ao seu lado.

Através da representação mental das interações é que teremos a verdadeira passagem da linguagem racional para o essencial, na linguagem do coração e da emoção no pertencimento, pois é somente na emoção que poderemos ter acesso à verdadeira conexão no amor.

Nas Constelações Familiares com os bonecos, o cliente e o terapeuta observam a imagem relacional que prende, observação baseada no posicionamento espacial dos bonecos que nos indicam onde e com quem o cliente está conectado no amor. As alterações das posições dos bonecos podem mudar a imagem interna relacionai da conexão e, pouco a pouco, nos movimentos dos bonecos, o cliente vai lembrando suas histórias e relatando seus envolvimentos.

As Constelações Familiares ajudam a esclarecer as substituições nos casos de exclusões e de identificações e podem ser usadas no processo de diagnóstico e intervenções.

Após localizar junto com o cliente as conexões de amor que o vinculam em seus emaranhados, pode-se partir para o próximo passo, o mesmo passo da vivência em grupo, a busca das imagens de solução.

No caso das Constelações Familiares com bonecos, a situação traumática e a solução são descritas em voz alta pelo terapeuta e podem, ou não, ser repetidas verbalmente pelo cliente em sua experiência. A repetição verbal das frases de solução fica a critério do momento, da empatia e da disposição do cliente, já que neste caso, não se tem a ajuda dos representantes, como nas constelações em grupo.

As Constelações Familiares com bonecos também podem mostrar um certo limite para sua utilização tomando-se dificultadas nos casos em que o cliente tem pouca ou nenhuma informação ou quando o cliente se coloca em alto grau de resistência ao trabalho.

Frequentemente, quando se iniciam as constelações com os bonequinhos, esse processo lúdico elicia, em pequenos passos, o campo de memória inconsciente da família presentificada no cliente. Quando o cliente coloca os bonequinhos e o terapeuta aguarda, de repente acontece o acesso a imagens ou surgem questões que nos orientam e o fenômeno se mostra. Se uma pessoa significativa é mencionada, imediatamente segue-se naquela direção que aponta a essa pessoa. São informações do sistema do cliente que o terapeuta pode confiar caso esteja centrado. Passo a passo, o terapeuta vai confirmando as informações e os posicionamentos dos bonecos com o cliente.

As frases de solução ou de cura são as frases de harmonização das conexões invisíveis, conexões inconscientes baseadas no amor cego e nos emaranhamentos compensatórios de pertencimento, estas conexões invisíveis de identificação e lealdades são geradoras de dinâmicas que levam ao pertencimento no negativo.

Quando passamos a observar em qual conexão o cliente se encontra amando cegamente, imediatamente no entrelaçamento dos níveis relacionais ocorre uma conscientização do vínculo assim, automaticamente, o cliente altera sua posição relacionai. Essa alteração acontece primeiramente no seu nível individual e posteriormente, em seu nível sociofamiliar.

As conexões relacionais do seu grupo familiar se transformam, os átomos das díades conectivas se modificam instantaneamente pois quando uma conexão da teia relacionai é alterada, toda a teia se altera.

Embasados nesta mesma proposta, as frases de cura são verbalizadas quando são efetuadas as alterações dos posicionamentos dos bonecos no “mapa relacionar do cliente. São revisitadas e ressignificadas todas as conexões traumáticas ou identificatórias, promotoras das alterações nas imagens internas. A cada conexão ressignificada o cliente vai absorvendo sua completude sistêmica e os membros que faziam parte no negativo passam a abençoar o cliente no positivo.

Buscando a solução, novas frases são reeditadas na conexão relacionai e novos posicionamentos dos bonecos são realizados para alcançar o propósito estabelecido a harmonização das relações do cliente com sua família, garantindo seu pertencimento no amor, no seu lugar e na sua individualidade.

Na imagem final, os princípios de vínculo, ordem e equilíbrio foram retomados e reorganizados em função da completude e coerência do sistema. Dá-se ao cliente o tempo necessário para que ele internalize profundamente a imagem organizada ou “imagem de solução”, transformando suas conexões. Nesta imagem, as Ordens do Amor foram consideradas e as conexões amorosas dos vínculos de pertencimento restabelecidas.