
Curso Constelação Familiar Sistêmica
DINÂMICAS DO CASAL
DINÂMICAS DO CASAL
A maioria dos motivos das separações e dificuldades relacionais entre os casais encontram-se ocultos nos emaranhamentos familiares das famílias de origem, afirma Bert Hellinger, e as consequências destes emaranhamentos são percebidas através das doenças de pele, neurodermite e asma.
Atualmente ocorrem muitas configurações na formação de casais, recasamentos seguidos de novas configurações parentais (padrasto/madrasta). Nestas novas reconfigurações parentais, os pressupostos das “Ordens do Amor” têm suas especificidades sempre obedecendo a ordem de chegada aos sistemas.
Se existem filhos de um casamento anterior, estes têm prioridade junto aos pais sobre os novos parceiros e o sistema atual, terá prioridade sobre o sistema familiar anterior quando do nascimento de filhos neste novo sistema.
Nas separações conjugais, o principal é que os parceiros anteriores sejam honrados e respeitados e nos casos em que isso não acontece, os filhos da nova constituição familiar vão representar o parceiro anterior desrespeitado. Na relação atual com seus pais, esse filho também irá desrespeitar seus pais assim como o parceiro anterior é desrespeitado, uma espécie de compensação pelo desrespeito.
Nas separações com filhos, os pais sempre continuarão sendo pais e permanecem unidos neste vínculo irrompível.
Os novos parceiros devem respeitar as relações anteriores tendo claro o lugar que ocupam; segunda mulher ou segundo marido e assim por diante. Nunca poderão ser os novos “papais” ou “mamães”, pois papai e mamãe os filhos já têm e são insubstituíveis.
MOVIMENTO INTERROMPIDO
Essa é uma das principais dinâmicas para o desenvolvimento do vínculo e do apego, abrangendo todos os demais vínculos afetivos posteriores. Quando o movimento para os pais é interrompido precocemente, a criança fica com medo e zangada. Este rancor é o outro lado do amor. Quando a mãe, após a separação, quer se dirigir à criança essa a rejeita porque está brava com ela, permanecendo no movimento interrompido. Esse movimento, é o movimento da conexão do amor da criança e sua mãe, nele está baseado o desenvolvimento do apego.
Só na presença de uma mãe suficientemente boa pode a criança iniciar um processo de desenvolvimento pessoal e real. (Winnicott, 1994).
O objetivo final do desenvolvimento infantil é o enfrentamento e o desenvolvimento da maturidade emocional baseada na capacidade de separação dos pais. Para atingir esse objetivo, a criança tem de estar nos estágios apropriados do seu desenvolvimento; só assim a separação dos pais pode acontecer de forma não traumática.
Desde o nascimento a criança inicia seu processo de separação de sua mãe continuando essa separação por toda a sua vida. E no apego, do vínculo básico “mãe-filho” que se encontram constituídos todo o desenvolvimento do afeto para as posteriores etapas do desenvolvimento até a adultez.
A criança passará por revivências relacionais dos padrões vividos com a mãe repetindo-os e desenvolvendo-se em sua capacidade de separação nos seus diferentes ciclos vitais, revivências geradoras de novas identidades em seus papéis e funções familiares.
Uma interrupção no movimento em direção à mãe ou ao pai, em uma situação em que a criança ainda não esteja madura para elaborar esta separação, gerará dificuldades nos vínculos posteriores. Essa prematuridade pode acontecer quando os pais se distanciam por um tempo maior ao tempo vivencial que a criança pode lembrar. Crianças muito pequenas não suportam por mais de três dias uma separação ou afastamento dos pais. Situações como esta, de afastamentos podem ocorrer por doenças, internações e até mesmo, nascimento prematuro, em que o bebê tem que ser separado de sua mãe para ser colocado na incubadora. Às vezes, separações fatídicas como nas situações de morte de um dos pais e outras.

O movimento interrompido se mostra no corpo e na vida. A pessoa anda em círculos, não completa seus objetivos e não consegue finalizar suas metas. Nas crianças, esse movimento interrompido se mostra por uma inquietude, uma agonia a que muitos intitulam de “hiperatividade” ou ansiedade exacerbada.
Para Hellinger a solução para a criança se encontra em um dos pais abraçá-la até o ponto em que ela não mais resista e aceite com segurança a retomada do vínculo. A criança que se separou dos pais tem medo de perdê-los novamente e por isso não se aproxima evitando qualquer vinculação afetiva pela dor da perda.
Para os adultos, esse movimento pode ser retomado nas Constelações Familiares, quando propicia a ação de “chegada ao seu destino”, revivendo o movimento amoroso de ser recebido pelos pais, receber o abraço do colo. Retomando a segurança em resgatar o amor dos pais sem a interrupção.
AS EXCLUSÕES
As exclusões atentam contra a ordem e por este motivo são as que maior carga gera no sistema. Muitas são as exclusões nas situações de perdas, pois na tentativa de evitar o sofrimento, os mortos são esquecidos ou excluídos. Por isso, é importante que as perdas do sistema tenham sido e se mantenham consideradas. Essas perdas permanecem e não devem se transformar em ausência, o morto não deve perder o seu lugar no sistema.
Situações nas quais ocorre a “substituição” do lugar do morto, como por exemplo, irmãos que recebem o nome do irmão “perdido” trazem consequências na identidade do sobrevivente, para ele, é uma missão muito pesada e impossível, representar um morto em vida.
Essa tentativa de “substituição” do morto é geradora de graves consequências para o substituto e para os próximos irmãos, pois os próximos a nascerem no sistema ficam fora da ordem.
Algumas exclusões têm uma importância maior para a manutenção do seu lugar no sistema, abortos a partir do terceiro mês, com maior intensidade se for voluntário e mortes de pessoas em tenra idade ou juventude.
As exclusões sistêmicas por questões que envergonham as famílias tais como, suicídio, assassinatos, fuzilamentos, abusos sexuais, drogas, prisões, gravidez ilegítima, roubo ou exclusões de algum membro por ter rompido normas dos sistemas tais como, questões religiosas, políticas, econômicas ou de sexualidade, também devem ser consideradas.