As plantas são garantia da existência para a maioria das espécies que compõem a cadeia da vida. A sobrevivência e desenvolvimento da humanidade foram sustentados na interdependência com as plantas.
Inicialmente, nos proporcionaram alimento e abrigo. Posteriormente, estabeleceram-se outras relações com a flora, as quais evoluíram em diversas dimensões.
Ao observarmos marcas legadas de nossa pré-história, pode-se inferir o uso mágico da flora, possivelmente contribuindo no enfrentamento de nossas primeiras angústias existenciais.
Observador perspicaz, o ser humano experimentou plantas e destacou variedades capazes de reduzir sofrimentos e estabeleceu uma dimensão terapêutica para a flora. Esta prática permaneceu e chegou à atualidade, transpondo novas dimensões culturais, estabelecendo a distinção como “medicinal” para incontáveis espécies vegetais. Desta forma, as plantas adquiriram um status social e importância econômica, destacando-se como possibilidade mercadológica de ponta.
As plantas não são boas nem ruins. São apenas criaturas que cumprem seu papel na natureza. Fazem parte da diversidade de formas que a vida escolheu para se manifestar e manter-se no planeta.
“Sua utilidade, se a planta é “boa” pra isso ou “boa” para aquilo”, depende dos usos que as outras formas de vida, dentre elas, o ser humano faz dela! Podem ser utilizadas como abrigo nas intempéries, nutrição, medicamento, adorno, cosmético e até arma, desde uma clava até um veneno fatal. As plantas aproximam as pessoas porque são um bom assunto para conversas.
Desde o início da civilização, os seres humanos utilizam a natureza para fins terapêuticos, especialmente as plantas.
A prática terapêutica baseada em plantas ou derivados vegetais é denominada Fitoterapia e tem sua origem no conhecimento popular.
Ao longo da história, as plantas medicinais tiveram importância como produtos fitoterápicos e também na descoberta de novos fármacos. Pronto para uma viagem ao passado?
O uso de plantas medicinais é relatado em sistemas médicos milenares em todo o mundo. O registro mais antigo, data de 3.000 a.C. e vem da Índia.
No século II, Galeno, uma das personalidades mais influentes na história da medicina, criou misturas complexas de plantas, conhecidas como fórmulas galênicas, as quais eram utilizadas no tratamento de diversos sintomas e doenças. Além disso, foi o primeiro médico a desenvolver metodologias para a preparação de medicamentos, incluindo pós e extratos.
Na Idade Média, do século V ao XV, o acesso às obras escritas era restrito aos monges católicos, que detinham o conhecimento da medicina e, portanto, das plantas medicinais.
Durante a Renascença, no século XVI, o médico Paracelso defendeu o uso de medicamentos de ação específica, principalmente minerais e metálicos, de preferência na forma pura.
No século XVIII, com o desenvolvimento da química medicinal, várias substâncias foram isoladas a partir de fontes vegetais, como a salicilina da casca do salgueiro-branco (Salix alba), a morfina da papoula (Papaver somniferum) e a digoxina da dedaleira (Digitalis purpurea), lançando um novo olhar, agora científico, sobre as plantas medicinais.
Até o início do século XX, as plantas medicinais ainda constituíam em todo o mundo os principais recursos nas práticas de cuidados à saúde. Esse cenário só começou a mudar após a Segunda Guerra Mundial, por volta de 1945, com o desenvolvimento científico e tecnológico da indústria farmacêutica, baseado no isolamento e na síntese de fármacos, e no estabelecimento da medicina alopática como modelo predominante.
Na medicina alopática, as plantas medicinais passaram a ser vistas apenas como matéria-prima para novos fármacos e boa parte do conhecimento tradicional sobre seu uso acabou sendo abandonado e desvalorizado.
No entanto, o desenvolvimento da indústria farmacêutica não promoveu a universalização do acesso aos medicamentos alopáticos e, assim, as plantas medicinais continuaram a desempenhar um importante papel na cura de sintomas e doenças em diversos países, à margem dos sistemas oficiais de saúde.
Ainda que tenha sofrido desvalorização, o conhecimento tradicional perpetuou-se ao longo do tempo e hoje constitui, por meio da abordagem etnofarmacológica, uma ferramenta de grande importância para a investigação das plantas medicinais. A etnofarmacologia é a ciência que estuda o conhecimento popular relacionado aos sistemas tradicionais de medicina.
No caso da flora medicinal, este conhecimento fornece indícios sobre atividades terapêuticas que, por meio de estudos clínicos e farmacológicos, podem levar à descoberta de novos fármacos e ao desenvolvimento de fitoterápicos.
Desse modo, a fitoterapia contemporânea está inserida em um cenário de resgate e revalorização do conhecimento tradicional sobre o uso medicinal das plantas.
Atualmente, a fitoterapia vem se firmando cada vez mais no mercado farmacêutico e na ciência e dois importantes fatores explicam esse comportamento.
Primeiro- observamos na sociedade uma preocupação com o aumento da toxicidade dos medicamentos convencionais e os fitoterápicos, em geral, apresentam baixa toxicidade em relação às doses terapêuticas (mas não deixam de ser tóxicos se usados além da dose considerada terapêutica). Segundo- a ciência tem descoberto complexos grupos de substâncias químicas produzidas pelas plantas que são características únicas dos fitoterápicos e não podem ser incorporadas aos medicamentos convencionais.
Assim, no Brasil, onde 82% da população utiliza plantas medicinais e fitoterápicos nas práticas de cuidados à saúde, foram implementadas nas últimas décadas diversas políticas públicas e normas visando à valorização das plantas medicinais e dos saberes tradicionais associados, a inserção de fitoterápicos na rede pública de saúde e o desenvolvimento da cadeia produtiva de fitoterápicos.
Caminhamos, portanto, em direção à consolidação da fitoterapia como prática oficial nos Sistemas relacionados à Saúde.
Apesar de saber que a fitoterapia é muito antiga, datando de 3.000 a.C., podemos dizer que foi somente após a Segunda Guerra Mundial (1945) que a indústria farmacêutica passou a usar o conhecimento tradicional sobre as plantas medicinais para isolamento e a síntese de fármacos.
Os saberes advindos de comunidades e populações tradicionais nos dão indícios sobre as atividades farmacológicas das plantas, possibilitando a descoberta de novos fármacos e o desenvolvimento de fitoterápicos.
A integração entre a fitoterapia chinesa e o uso das ervas no contexto da medicina ocidental
Tanto a fitoterapia chinesa e a fitoterapia ocidental têm como objetivo comum melhorar as condições de saúde de um indivíduo.
Além disso, ambos os sistemas têm uma estrutura enraizada na natureza e nos seus elementos, e ambos categorizam as ervas por temperatura e sabor.
A diferença reside no fato de que o a fitoterapia ocidental prioriza o uso de uma erva por si só e isso também reflete no uso de um determinado princípio ativo, na medicina alopática.
A fitoterapia prioriza o uso de fórmulas, que são grupos de ervas que, embora tenham uma ação individual, interagem entre si.
Algumas fórmulas de ervas chinesas podem ter de 12 a 18 ingredientes, enquanto as fórmulas de ervas medicinais ocidentais geralmente contêm menos ervas.
A tendência é que, com o maior conhecimento e o desenvolvimento de pesquisas clínicas, o uso das plantas como recurso terapêutico complementar seja mais difundido.