Curso de Homeopatia

A CONSULTA HOMEOPÁTICA

A CONSULTA HOMEOPÁTICA

Se, para a Homeopatia, a doença é uma perturbação da energia vital que se manifesta pelos sinais e sintomas, então o médico homeopata deve coletar essas manifestações para escolher, dentre as substâncias já experimentadas, aquela que provoque, num indivíduo saudável, sinais e sintomas semelhantes aos do doente que se quer curar.

Ora, quando a energia vital está afetada, há manifestações na totalidade da pessoa. Quais sintomas devem, então, ser considerados? A resposta está no parágrafo 12 do Organon: 

“O que origina as enfermidades é a força vital afetada. Por isso, os fenômenos mórbidos acessíveis aos nossos sentidos expressam todo

o interior, em uma palavra, revela toda enfermidade…”.

A observação que o médico faz do seu paciente deve ser integral. Deve descobrir não só as alterações físicas localizadas em algum órgão, não apenas uma entidade nosológica, mas todas as manifestações físicas e mentais que denunciam totalmente a perturbação da energia vital que rege a saúde.

Assim, o “homeopata” não se preocupa com a totalidade por modismo ou preciosismo, mas porque não há outra maneira de descobrir o medicamento mais semelhante e, portanto, curativo.

Parágrafo 18 do Organon:

“… deduz-se inegavelmente que a soma de todos os sintomas e condições perceptíveis em cada caso individual de enfermidade, deve ser a única indicação, o único guia que nos leve à indicação do remédio”.

O que são os sintomas para a Homeopatia? – Expressões da reação da energia vital.

Os sintomas podem ser classificados em:

– Subjetivos, quando podem ser percebidos apenas pela pessoa que os comunica (ex: medos, sensações, ilusões…).

– Objetivos, quando podem ser notados por um observador (ex: alterações da pele, movimentações, pressão arterial…).

Quanto à localização, os sintomas podem ser:

– Mentais. (ex: manifestações psíquicas, afetividade, inteligência, ilusões…).

– Gerais. (sintomas da interação com o ambiente. Ex: transpiração, sensibilidade ao tempo, sexualidade, apetite, sede…).

– Locais. (próprios de cada órgão ou região do corpo. Ex: dores, inflamações, pruridos…).

Os sintomas locais são chamados de:

-Funcionais ou reversíveis: quando provocam somente alterações da função. –Lesionais ou irreversíveis: quando, além da função, a estrutura do órgão foi afetada.

Quanto à frequência na população, os sintomas podem ser:

– Comuns: apresentam-se em grande quantidade de doentes e surgem nas experimentações de vários medicamentos. Esses sintomas têm pouco valor na consulta homeopática. (ex: dores, insônia, vômitos, cansaço…).

– Patognomônicos: são sinais e sintomas que quando estão presentes indicam obrigatoriamente uma determinada entidade nosológica. São muito valiosos para a medicina convencional, que visa diagnosticar a doença para poder instituir o tratamento.

Para a Homeopatia esses sintomas têm valor relativo, pois, assim como os sintomas comuns, não contribuem na individualização do paciente.

– Característicos: são os sintomas comuns acrescidos de alguma modalidade. São chamados “sintomas modalizados”. Essas modalidades são fatores que melhor individualizam o sintoma, ou seja, aquilo que diferencia o sintoma de um doente para o outro. Ex: cefaléia (dor de cabeça) é um sintoma comum, aparece em vários doentes e vários medicamentos o provocam nas experimentações.

Porém uma “cefaléia que piora com o movimento, piora por tossir e melhora com pressão externa” é um sintoma característico que aparece em poucas pessoas e poucos medicamentos o provocam.

Podemos ter ainda:

– “Sintomas raros e peculiares”, que são ainda menos frequentes e, por isso, ajudam muito na individualização do caso. Ex: paciente sente-se “como se não fosse amado por seus pais”; paciente sente “alegria durante as tempestades”.

Para encontrarmos os sintomas que mais interessam em cada paciente, os sintomas que mais diferenciam uma pessoa de outra, é necessário colher uma história clínica completa e cuidadosa. A isso denominamos anamnese (coletar e anotar toda a história dos sintomas do doente).

Logicamente, o paciente procura o médico por uma queixa específica, por uns poucos sintomas. Cabe ao homeopata não se prender a esses pontos que mais visivelmente incomodam o doente, mas sim encontrar outros sintomas mais profundos (“individualizantes”), que denunciarão toda a enfermidade e não apenas uma parte dela.

Muitos médicos da medicina convencional também fazem uma anamnese completa. Porém, os sinais e sintomas comuns e patognomônicos bastam para que formulem o diagnóstico e instituam a terapêutica.

Os sintomas modalizados, peculiares e raros interessam apenas ao homeopata, posto que este busca o diagnóstico individual da perturbação da energia vital para descobrir a medicação mais apropriada para cada caso.

Por isso se fala que “o homeopata ainda nem iniciou sua história clínica quando o alopata já terminou”.

CASO CLÍNICO 1

“Menina, 5 anos, irritada, com febre há 2 dias e dor de ouvido. A mãe refere que há 1 ano a criança apresenta este mesmo quadro todos os meses.”

Para um médico não-homeopata esta história é suficiente para fazer o diagnóstico de “otite média recorrente”, e instituir a terapia (antibiótico).

Um homeopata, depois de uma investigação mais aprofundada, descobrirá que essas infecções de ouvido começaram desde o nascimento do novo irmãozinho da paciente e que o problema é sempre no ouvido esquerdo. Além disso, ela voltou a “fazer xixi na cama e chupar o dedo” segundo o relato da mãe. Seus pés e mãos são frios. Não gosta de alimentos quentes. Durante a consulta ela ficou agarrada na roupa da mãe.

Todos esses sinais serão importantes na escolha do medicamento mais apropriado (ou seja, o mais semelhante, homeopático) para esta criança. 

No parágrafo 83 do Organon, Hahnemann diz:

“O exame individualizante de um caso de enfermidade não exige do

médico mais que sentidos perfeitos, ausência de preconceitos, atenção

ao observar e exatidão ao traçar o quadro da enfermidade”.

 

A MATÉRIA MÉDICA

O médico homeopata dispõe de um compêndio de clínica denominado “matéria médica”. Trata-se da descrição minuciosa dos sintomas provocados, ou comprovadamente curados na prática, pelas inúmeras substâncias que já fazem parte do rol de medicamentos homeopáticos.

As experimentações (ou Patogenesias) são as pesquisas básicas realizadas em Homeopatia. Sem a realização de experimentações não existiria Homeopatia. E, para que a prática homeopática se aperfeiçoe, é fundamental a realização de novas patogenesias. Atualmente, estas experimentações são realizadas seguindo métodos rigorosos, com o relato completo e detalhado dos sintomas manifestados.

Assim também, a consulta homeopática deve ser um estudo completo e detalhado da pessoa doente.